30 de setembro de 2012

Traças (poesia)


Por Rodrigo Domit

As traças devoraram livros
e destrincharam jornais
as traças roeram músicas
e mutilaram filmes

naquela época,
devoraram até pessoas
— famílias inteiras


Após anos de clausura
abriram-se as portas e janelas
os novos ares vieram
e as traças esconderam-se

em cantos obscuros
onde até hoje permanecem
– como se fossem invisíveis


Após anos de negação
continuamos adiando
para amanhã, quem sabe
a tarefa indispensável

de revirar armários
e destrancar gavetas
de explorar porões
– sem esquecer dos sótãos

de jogar luz aos fatos
descortinar as traças

para evitar que se repita
a tragédia como farsa

Rodrigo Domit nasceu em Curitiba em 1984, mas foi criado em Londrina e reside atualmente no Rio de Janeiro. Escreve contos e poesias desde 2003. Tem publicações em antologias de concursos literários e é autor dos livros de contos “Vem cá que eu te conto” (2010) e “Colcha de Retalhos” (2011). Administra o blog http://concursos-literarios.blogspot.com e publica exercícios literários no http://tirocurto.blogspot.com

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