Por Rodrigo
Domit
As traças
devoraram livros
e
destrincharam jornais
as traças
roeram músicas
e mutilaram
filmes
naquela
época,
devoraram
até pessoas
— famílias
inteiras
Após anos de
clausura
abriram-se
as portas e janelas
os novos
ares vieram
e as traças
esconderam-se
em cantos
obscuros
onde até
hoje permanecem
– como se
fossem invisíveis
Após anos de
negação
continuamos
adiando
para amanhã,
quem sabe
a tarefa
indispensável
de revirar
armários
e destrancar
gavetas
de explorar
porões
– sem
esquecer dos sótãos
de jogar luz
aos fatos
descortinar
as traças
para evitar
que se repita
a tragédia
como farsa
Rodrigo
Domit nasceu em Curitiba em 1984, mas foi criado em Londrina e reside
atualmente no Rio de Janeiro. Escreve contos e poesias desde 2003. Tem
publicações em antologias de concursos literários e é autor dos livros de
contos “Vem cá que eu te conto” (2010)
e “Colcha de Retalhos” (2011).
Administra o blog http://concursos-literarios.blogspot.com
e publica exercícios literários no http://tirocurto.blogspot.com
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