Sobre o Jornal

Em 1987, um grupo de jovens cariocas que havia participado da campanha pelas eleições diretas e se mobilizava em torno dos embates da Assembléia Nacional Constituinte decide pela criação de um jornal que expressasse tal momento na cidade em que viviam.

A publicação, escrita e dirigida por universitários, com tiragem inicial de mil exemplares, circulava de mão em mão pelos espaços em que se aglutinava a jovem intelectualidade de esquerda. Seu sustento básico era arrecadado em festas e através da venda de bônus necessários à impressão do jornal que trazia em suas páginas artigos sobre os temas políticos da conjuntura e toda a pluralidade do debate cultural de então, do cinema à poesia, do teatro à música, passando pelos quadrinhos. Nessa fase inicial (1987-1992), marcada pelo tratamento gráfico simples, o Algo Dizer associou o entusiasmo juvenil de seus primeiros editores, Marcelo Barbosa e Kadu Machado, com a contribuição generosa de intelectuais consagrados como o poeta Moacyr Félix, entre outros.

A partir de 1993 a tiragem foi aumentada, ampliando-se assim o espectro de atuação, mas sem abandonar a proposta original. Era a profissionalização. Além de repaginado, o Algo a Dizer começou a ser vendido em bancas de jornais, com uma circulação de cinco mil exemplares. Neste período, o texto tornou-se melhor distribuído, as fotos melhor posicionadas e a identidade visual mais evidente. Por toda a década de 1990, o Algo a Dizer passou a ser um veículo presente nas discussões e debates, não apenas pelo significado de suas opiniões como também em vista da relevância das contribuições de seus colaboradores e entrevistados. Uma lista capaz de reunir o melhor da intelectualidade democrática: Luiz Werneck Vianna, Aldir Blanc, Barbosa Lima Sobrinho, Nani, Celso Furtado, Paul Singer, Muniz Sodré, Ênio Silveira, Roberto Moura, Ferreira Gullar, Nássara, Carlos Nelson Coutinho, Leo Mesentier, Newton Carlos, Leandro Konder, Sérgio Batalha, Muniz Gonçalves Ferreira, Frei Betto, Jaguar, Sérgio Cabral Pai, Lobão, Fausto Wolff, Milton Coelho da Graça, Eliomar Coelho, Milton Temer, Augusto Boal, Carlos Lessa, Betinho, Ignácio Rangel, Ney Matogrosso, Carlos Lyra, Léo Lince, Mauro Rasi, Luiz Pimentel, Jurandyr Freire Costa, Hamilton Garcia, David Somberg, Alvim, Moysés do Casa Grande, Maria da Conceição Tavares, Paulinho da Viola, Lindberg Farias, Hércules Côrrea, Aloísio Teixeira, Luiz Fernando Vieira entre muitos outros.

Foi assim, num momento em que diversos veículos, inclusive da grande imprensa, fecharam as portas, que o pequeno jornal sobreviveu e circulou por quinze anos até encerrar suas atividades em 2002.

Agora, em tempos de grande significação, o Algo a Dizer retorna para ocupar o seu espaço.

Vem somar na luta por democracia na informação, renovação nas idéias da Esquerda e pluralismo na Cultura.

Áurea Alves





Neste momento, o jornal Algo a Dizer comunica ao público: está de volta.

Este retorno acontece em momento especial para a sociedade brasileira, que exige muito daqueles identificados com as lutas pelo avanço das instituições democráticas e da justiça social.

Em sua reaparição no cenário cultural da cidade, o Algo a Dizer afirma sua vocação de veículo pluralista e suprapartidário cujo objetivo manifesto é o de contribuir para o debate de idéias com vistas à formação de um conjunto de valores que se contraponha aos do neoliberalismo.

É por isso que voltamos.

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