23 de dezembro de 2012

No ar, a edição de DEZEMBRO do jornal Algo a Dizer

Primeiramente, desejar aos nossos leitores, colaboradores e amigos um feliz Natal e um 2013 de muitas lutas e conquistas – porque esse ano promete...

Agora, já está no ar a edição de DEZEMBRO do jornal de Cultura e Política Algo a Dizer (www.algoadizer.com.br), com o seguinte conteúdo:

1) Entrevista com o cientista político Luiz Werneck Vianna, professor da pós da PUC-RJ avaliando os temas da reforma política e a conjuntura: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=941;

2) Entrevista com o pesquisador Pedro Bustamante Teixeira sobre o Tropicalismo: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=942;

3) Arthur Poerner relembra seus encontros com o grande Oscar Niemeyer: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=943;

4) Em “O capitalismo feliz” o cientista político José Luiz Fiori explica como países como Canadá, Austrália, os scandinavos, entre outros, chegaram a um alto nível de desenvolvimento sem serem expansionistas: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=944;

5) Afonso Guerra-Baião homenageia o grande Oscar Niemeyer em “Onde está Niemeyer?”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=945;

6) Pedro Barreto expõe as tentativas de privatização do ensino público: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=946;

7) Em “Sol e ‘Lua’”, Adilson Luiz Gonçalves presta sua reverência a Luiz Gonzaga, cujo centenário de nascimento acaba de ocorrer: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=947;

8) Ivan Alves Filho fala de “Palestrina, o Bach católico”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=948;

9) Com “Visita ao paciente 1661”, Jorge Nagao lembra o importante Arthur Bispo do Rosário, destaque da 30ª Bienal de São Paulo este ano: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=949;

10) Daniel Chutorianscy expõe sua revolta com os assassinatos de Newtown, Connecticut: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=950;

11) “Expectativa zero”, texto de Marilena Montanari, indica reflexões úteis e necessárias para uma vida melhor: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=951;

12) A são-paulina Maria Balé fala com respeito do recém-conquistado campeonato mundial pelo Corinthians em “É nóis!”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=952;

13) “Olhando para os dois lados”, ‘crônica-olho’ de Alexandre Brandão: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=953;

14) Cinthya Nunes incomodada com as “Caixinhas de Natal”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=953;

15) Percuciente crônica de Denise Ribeiro, “Torpedo emocional”, expõe as inseguranças e fragilidades de ex-casais: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=955;

16) O realismo fantástico de “Ingazeiro”, crônica de Marcílio Godoi: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=956;

17) As tribulações de Clô, personagem-emblema de Valéria Dantas, em “Ex-futura sogra”,: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=957;

18) A poesia de Ângela Leite de Souza “Até o próximo Natal”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=958;

19) “Resgate”, belo soneto de Luca Barbabianca: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=959;

20) o “Conto e gotas” de Luiz Pimentel, duro e sombrio, retrata a realidade dos despossuídos urbanos: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=960;

21) Ensaio do professor Pedro Leão da Costa Neto historia a “Publicação da obra de Marx e de Engels”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=961.

Um abraço e boa leitura
Kadu Machado
(21) 9212-3103
 

18 de dezembro de 2012

Presente de Natal

Amigas e amigos,


Neste Natal e demais festas de fim de ano, uma sugestão de presente bacana é o livro “Território Livre da Democracia: os novos debates do Teatro Casa Grande”, lançado pela Editora Jardim Objeto (138p., imagem da capa abaixo).

Por um precinho camarada, você vai ter acesso ao melhor da opinião de esquerda e ainda ajuda o Instituto Casa Grande (ICG) e o jornal Algo a Dizer.

Organizado por Marcelo Barbosa, o livro contém a transcrição das palestras do ciclo de debates com o mote “O papel do Brasil, seus problemas e potencialidades, num mundo cada vez mais complexo” realizado ao longo de 2011 no histórico Teatro do Leblon, fruto da parceria do Instituto Casa Grande com a Escola Nacional Florestan Fernandes e o jornal Algo a Dizer.

Foram debatedores: Emir Sader, João Pedro Stédile, Samuel Pinheiro Guimarães, Aleida Guevara, Aloísio Teixeira, Wladimir Pomar, Saturnino Braga e Muniz Sodré. E, de uma mesa que discutiu a obra e o legado de Nelson Werneck Sodré, participaram Marcelo Barbosa, Marly Vianna, Carlos Nelson Coutinho e José Paulo Neto.

Achar a publicação é fácil. Está à venda nos seguintes locais:
 

Livraria da Travessa: várias lojas, em especial a de Ipanema (Rua Visconde de Pirajá, 572 – tel.: (21) 3205-9002), Rio;

Arlequim: Prédio do Paço Imperial (Praça XV, 48, loja 1, Centro – tel.: (21) 2220-8471 / 2524-7242), Rio;

Livraria Folha Seca: Rua do Ouvidor, 37, Centro – tel.: (21) 2507-7175, Rio;

Livraria Antonio Gramsci, do Núcleo Piratininga de Comunicação: Rua Alcindo Guanabara, 17, Cinelândia – tel.: (21) 2220-5618, Rio;

Livraira Horus: Rua Senador Dantas, 75, Cinelândia – (21) 2220-7680 / 2533-3638, Rio;

Livraria Universo: Campus da Praia Vermelha, da UFRJ, 
Avenida Pasteur, 250 – (21) 2541-8791 / 2275-6283, Rio;

Kitabu Livraria Negra: Rua Joaquim Silva, 17, loja, Lapa – (21) 2252-0533, Rio;

Livraria Editora da UFRJ: Prédio do Fórum de Ciência e Cultura, 
Avenida Pasteur, 250, Campus da 
Praia Vermelha – (21) 2542-7646 / 2295-0346, Rio.

Kadu Machado

(21) 9212-3103


12 de dezembro de 2012

Mudança de local do etílico-político-cultural

Excepcionalmente, o encontro etílico-político-cultural dos amigos do jornal Algo a Dizer de dezembro ocorrerá dia 13/12, a partir das 18h30, no Boteco do Chico.

Ele fica na Rua Mem de Sá, 127, esquina com rua dos Inválidos (dois quarteirões e meio adiante do bar Arco Íris, onde são os encontros ordinários), Lapa, Rio.

Tem cerveja em garrafa, chope, pizzas de boa qualidade, petiscos e pratos à la carte, todos com preços honestos.

Venha e traga amigos e familiares: você só paga o que consumir.

Um forte abraço e até lá

Kadu Machado

(21) 9212-3103


5 de dezembro de 2012

Lançamento em Brasília de "Território Livre da Democracia – os novos debates do Teatro Casa Grande"


Dia 11/12 (terça), às 20h, no Feitiço Mineiro, lançamento de “Território livre da democracia – os novos debates do Teatro Casa Grande” (Ed. Jardim Objeto, 138p., R$ 20,00).

O livro – coordenado por Marcelo Barbosa – é a compilação das transcrições do ciclo de debates “O papel do Brasil, seus problemas e potencialidades, num mundo cada vez mais complexo” realizado ao longo de 2011 no histórico teatro do Leblon, no Rio.

Foram palestrantes: Emir Sader, João Pedro Stédile, Samuel Pinheiro Guimarães, Aleida Guevara, Aloísio Teixeira, Wladimir Pomar, Saturnino BragaMuniz Sodré. E – de uma mesa que discutiu a obra e o legado de Nelson Werneck Sodré – participaram Marcelo Barbosa, Marly Vianna, Carlos Nelson Coutinho e José Paulo Neto.

O ciclo foi fruto da parceria do Instituto Casa Grande com a Escola Nacional Florestan Fernandes e o jornal Algo a Dizer.

O Feitiço Mineiro fica na CLN 306, Bloco B, Lojas 45/51, Brasília - DF. Telefone: (61) 3272-3032.

Mais informações com:
Marcelo Barbosa (21) 9601-9177 / marcelobarbosadasilva@bol.com.br.

 

3 de dezembro de 2012

Comunicado conjunto: Palestina, dois povos, dois Estados!

As instituições abaixo-assinadas saúdam a inclusão da Palestina como Estado observador não-membro da ONU. Entendemos que esse é um passo muito significativo para a constituição de um Estado palestino soberano e independente, indispensável para se alcançar uma paz duradoura no Oriente Médio.

A fórmula "Dois povos, dois Estados" é uma ideia-força, que, se implementada, permitirá o desenvolvimento de palestinos e israelenses nas fronteiras de seus Estados nacionais.

No Oriente Médio, a paz é revolucionária. Com ela, o reconhecimento mútuo, baseado em acordos que levem em consideração as fronteiras anteriores à guerra de junho de 1967, poderá trazer segurança, estabilidade e desenvolvimento tanto para o Estado de Israel como para o futuro Estado da Palestina.

Repudiamos alternativas militaristas, que carregam no ventre formas inaceitáveis de supremacia. Defendemos respostas políticas abrangentes, que respeitem identidades, histórias e perspectivas de futuro.

Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2012

ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação (Brasil)

Associação Kinderland (Brasil)

ICIB – Instituto Cultural Israelita Brasileiro (Brasil)

ICUF – Ídisher Cultur Farband (Argentina)

Instituto Casa Grande (Brasil)

Meretz (Israel)

Meretz (Brasil)

Jornal Algo a Dizer (Brasil)

Grupo Tortura Nunca Mais (Brasil)

30 de novembro de 2012

Papo com ativista israelense na ASA

A israelense Rona Moran é ativista da ONG Who profits (Quem ganha; www.whoprofits.org). A organização investiga os interesses comerciais das empresas que lucram com a ocupação israelense de terras palestinas e sírias.

Publica informes e pesquisas sobre essas companhias, que são base de um centro geral de informações.

Em visita ao Rio, Rona irá à ASA nesta segunda-feira, 3 de dezembro, às 20 horas. A conversa será aberta a todos os interessados.

27 de novembro de 2012

No ar, a edição de NOVEMBRO do jornal Algo a Dizer

Já está no ar a edição de NOVEMBRO do jornal de Cultura e Política Algo a Dizer, com o seguinte conteúdo:

1) Entrevista com Muniz Sodré, ex-presidente da Biblioteca Nacional e professor emérito da Escola de Comunicação da UFRJ que fala do preconceito racial em nosso País: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=918;

2) Entrevista com o escritor, dramaturgo e roteirista de cinema cubano Reinaldo Montero falando de Cuba, literatura e Brasil: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=919;

3) Entrevista com o diretor do Instituto de Economia da UFRJ Carlos Frederico comentando as avaliações da PNAD 2011 e o quanto ainda falta para superarmos as desigualdades: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=920;

4) As inspiradas reflexões de Afonso Guerra-Baião sobre a Ação Penal 470: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=921;

5) Adriano Benayon prossegue em sua análise do fenômeno da desnacionalização de nossa economia: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=922;

6) Lisa Reis dos Santos protesta contra o autoritarismo na condução das obras do metrô na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, Rio: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=923;

7) Os 95 anos da Revolução socialista na Rússia de 1917 – completados dia 7 deste mês – e sua importância são lembrados por Gilberto Moringoni: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=924;

8) Guido Bilharinho analisa o filme Ganga Bruta, de Humberto Mauro: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=925;

9) Resenha da nova edição de “O velho Graça – uma biografia de Graciliano Ramos”, de Denis de Moraes: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=926;

10) Adilson Luiz Gonçalves aborda a questão dos royalties para cidades protuárias: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=927;

11) O belo Cotidiano de Maria Balé “Um amor de colheita tardia”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=928;

12) “Minhas outras vidas”, crônica surrealista de Alexandre Brandão: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=929;

13) Cinthya Nunes reflete sobre o fim dos casamentos em sua crônica “Quando o amor se vai”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=930;

14) Em “Vermelha demais”, Denise Ribeiro comenta seu incômodo estético: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=931;

15) Viagem a “Chianti”, Itália, na crônica de Ivan Alves Filho: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=932;

16) O humor inteligente no aconselhamento de Jorge Nagao em sua crônica “Escrever direito – não o curso”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=933;

17) A “beatlescrônica” de Marcílio Godoi, “Um Sir na padaria”, parece escrita sob efeito – como a do Alexandre Brandão – de Lucy in the Sky with Diamonds: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=934;

18) Outra crônica de inspiração lisérgica, “Amanita miuscaria”, de Marilena Montanari: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=935;

19) Belo e misterioso relato de “Ela & ele”, crônica de Valéria Dantas: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=936;

20) A homenagem a Drummond na poesia de Angela Leite de Souza: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=937;

21) O belo soneto “Senha”, de Luca Barbabianca: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=938;

22) Dois contos curtos de Rodrigo Domit, “Matematicamente” e “Como que sem querer”, de seu premiado livro “Colcha de retalhos”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=939;

23) No ensaio “Um remédio para matar ou salvar o SUS?”, a cinetista política da FGV Sonia Felury aborda o tema da fronteira do público e do privado no Sistema Único de Saúde: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=940.

Um forte abraço e boa leitura
Kadu Machado
(21) 9212-3103

25 de novembro de 2012

Amanhã, segunda, lançamento do livro "Luiz Carlos Prestes"

AMANHÃ, segunda (26/11), às 20h, lançamento do livro "Luiz Carlos Prestes" (Ed. Expressão Popular), de Anita Leocádia Prestes.
Na ocasião haverá um debate com a autora e o historiador Lincoln de Abreu Penna.
Vai ser no foyer do Teatro Casa Grande (Av. Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon, Rio - térreo do Shopping Leblon).
 

16 de novembro de 2012

Pela paz e pela solução política no Oriente Médio

Dado o agravamento do conflito entre Israel e os palestinos da Faixa de Gaza, o ICUF – Ídisher Cultur Farband, da Argentina, articulou a divulgação de um comunicado, ao qual aderiram a ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação, do Rio de Janeiro, e a ACIZ – Asociación Cultural Israelita Zhitlovsky, de Montevidéu:

El cruce de bombas de uno a otro lado en la frontera entre Gaza e Israel no presagia nada bueno.

Seguramente hay responsabilidad compartida entre los halcones de ambos bandos, militaristas y fundamentalistas que creen que solamente con más violencia, con más guerra se solucionará este cruel diferendo que separa a los pueblos israelí y palestino.

¿Cuándo se logrará la paz?

Durante más de medio siglo se ha visto que la respuesta a esa pregunta no es por medio de las armas, de las bombas, de las represalias, de las expediciones punitivas, de los atentados.

La respuesta es que exista voluntad política genuina de acercamiento y de alcanzar ese objetivo. La salida es política, más política.

Mientras las dirigencias políticas no asuman un compromiso verdadero de construir la paz, seguirán estas escaladas bélicas y seguirá siendo la población civil la que corra riesgos, la que pague las tremendas consecuencias en muertes y destrucción.

Lo único revolucionario en Medio Oriente es la paz, una paz que se asiente en el reconocimiento mutuo a la existencia digna y en que cada uno de los pueblos merece vivir dignamente, en su Estado, soberano, libre, autónomo y democrático.

ACIZ Uruguay (Comisión Directiva)
ICUF Argentina (Comisión Directiva)
Asa S. Aleichem, Brasil (Comisión Directiva)
 
 

6 de novembro de 2012

Amanhã, quinta (8/11), às 18h30, homenagem a Moysés do Casa Grande na Alerj

Amanhã, quinta (8/11), às 18h30, no plenário da Assembléia Legislativa do estado (Alerj), sessão solene de homenagem a Moysés do Casa Grande.

Numa iniciativa da deputada estadual do PT-RJ, Inês Pandeló, ele vai receber o Título de Benemérito do estado do Rio de Janeiro.


Além de Moysés, também serão agraciados Geraldo Cândido, sindicalista e ex-senador, e Reimont Otoni, vereador do PT do Rio.


A Alerj fica na Rua Primeiro de Março, s/nº, Praça XV.


Veja o convite abaixo.


Um abraço e até lá


Kadu Machado
(21) 9212-3103



30 de outubro de 2012

Nesta quinta, tem etílico-político-cultural no bar Arco Íris da Mem de Sá, Lapa

Apesar da véspera de feriadão, nesta quinta (1º/11), às 18h30, teremos o encontro etílico-político-cultural dos leitores, colaboradores e amigos do jornal Algo a Dizer, no bar Arco Íris, da Mem de Sá (quase esquina com Rua do Lavradio, Lapa, Rio).
Venha e traga amigos e familiares: você só paga o que consumir.
Agora, anotem na agenda: dia 8/11, quinta da semana que vem, homenagem a Moysés do Casa Grande, na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj): numa iniciativa da deputada estadual do PT-RJ, Inês Pandeló, ele vai receber o titulo de Benemérito do Estado do Rio de Janeiro.
Um forte abraço e até lá
Kadu Machado
(21) 9212-3103


23 de outubro de 2012

Já está no ar a edição de OUTUBRO do jornal Algo a Dizer

Já está disponível a edição de OUTUBRO do jornal de Cultura e Política Algo a Dizer, com o seguinte conteúdo:

1) Continua se ampliando a clareira nas flieiras dos combatentes pelo socialismo.
Primeiro, perdemos o sociólogo alemão Robert Kurz, em 18 de julho. Depois, o ex-reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, em 23 do mesmo mês, e o cientista político Carlos Nelson Coutinho, em 20 de setembro.
Agora, o grande historiador inglês Eric Hobsbawm, em 1º de outubro.
Para homenageá-lo republicamos uma sua entrevista, de janeiro de 2011, ao deputado trabalhista na Câmara do Comuns Tristram Hunt, “uma conversa sobre Marx, as revoltas estudantis, a nova esquerda e os Miliband”.
Ao final da entrevista, reproduz-se a nota de desagravo da diretoria da Associação Nacional de História – ANPUH-Brasil – ao que disse do grande Hobsbawm a “medíocre, pequena e mal intencionada” revista Veja: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=893;

2) Entrevista com o teólogo Leonardo Boff, sobre a Teologia da Libertação e seus desdobramentos hoje: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=895;

3) No centenário da Guerra do Contestado, republicamos uma entrevista com o coordenador do curso de graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Paulo Pinheiro Machado, pesquisador do tema: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=896;

4) Uma sucinta avaliação das eleições municipais cariocas e suas consequências para o PT-RJ, no texto do Núcleo Celso Furtado, do PT do Rio, assinado por Kadu Machado: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=897;

5) Sobre o tema da Ação Penal 470, conhecida como “mensalão”, publicamos duas opiniões. A primeira, do mestre em filosofia, com especialidade na área de Ética, Roberto Ponciano: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=898;

6) A segunda, do advogado e escritor Celso Gomes: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=899;

7) A análise crítica de como sair da crise econômica, por Adriano Benayon: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=900;

8) Adilson Luiz Gonçalves comenta o “Ideal olímpico”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=901;

9) Os caminhos e descaminhos da autoria em música, por Afonso Guerra-Baião: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=902;

10) Ângela Leite de Souza fala do escritor e educador mineiro Bartolomeu Campos Queirós, falecido em janeiro deste ano: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=903;

11) Resenha de Sérgio Batalha para o livro do advogado trabalhista Celso Soares, “Direito do Trabalho – A Realidade das Relações Sociais”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=917;

12) Resenha de Ivan Alves Filho para o livro “Grande Sertão”, do cientista social alagoano Dirceu Lindoso: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=904;

13) “Sei lá!”, o lírico Cotidiano de Maria Balé: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=905;

14) Na crônica “A esfinge voraz”, Alexandre Brandão defende a democracia: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=906;

15) A alteridade na bela crônica de Cinthya Nunes “Vergonha própria”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=907;

16) A femme fatale atemporal da crônica de Denise Ribeiro: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=908;

17) As lições de uma visita ao Boat Show, em São Paulo, na crônica de Jorge Nagao: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=909;

18) Marilena Montanari defende a necessidade do retorno do savoir-faire no mundo moderno: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=910;

19) “A tatuagem”, crônica cheia de graça de Valéria Dantas: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=911;

20) Marcílio Godoi faz uma necessária apologia da preguiça no poema “Ócio à exaustão”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=912;

21) “Transfiguração”, mais um belo soneto da lavra de Luca Barbabianca: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=913;
22) O conto minimalista de Rodrigo Domit, “Criminoso”, do livro “Colcha de Retalhos”, disponível como e-book na internet: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=914;

23) O professor emérito e titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Flávio Villaça faz uma análise critica do “Estatuto da Cidade”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=915;

24) Mais Hobsbawm: o doutor em História pela USP Raul Milliet Filho comenta as análises do grande historiador britânico a respeito da paixão do brasileiro, o futebol: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=916.

Boa leitura e um forte abraço
Kadu Machado
(21) 9212-3103

12 de outubro de 2012

Transformar derrota em vitória

Transformar derrota em vitória

1 – A atuação do PT nas eleições da cidade do Rio de Janeiro foi um fiasco. A legenda conseguiu eleger um vereador e outros três cidadãos pegaram carona no partido. Companheiros comprovadamente petistas como Marcelo Sereno e Vinícius amargaram suplências.

2 – Não houve aliança e sim anexação do PT pelo PMDB. O PT abriu mão da disputa pela hegemonia e permitiu que o

s aliados alcançassem uma vitória que os faz virtualmente autônomos, sem dever satisfação a ninguém. Quem achou este resultado bom, ou é ingênuo ou mal intencionado.

3 – Um cheque em branco. Prossegue, agora sem nenhuma perturbação, a política de privatização e piora na educação, saúde e nas concessões de transportes (ônibus, barcas, metrô e trens), da dupla Paes e Cabral. Nós, petistas, perdemos as condições morais de pressionar os aliados pela solução dos problemas da população.

4 – Vai prosseguir a política de remoções. Este vem a ser outro ponto no qual a nossa pressão poderia esvaziar o bota-abaixo do prefeito. Nada disso vai acontecer. O compromisso do partido com os pobres, mais uma vez, foi desfeito.

5 – De partido a sublegenda. O PT alienou a sua autonomia, por inteiro, ao celebrar acordos como o ingresso do vereador Marcelo Arar na legenda. O partido sabe que a fidelidade deste político pertence ao prefeito e não ao partido.

6 – A vitória de Paes reforça o apoio à presidenta Dilma? Por quanto tempo e em que condições? A única garantia real de tal apoio consistiria numa forte presença do PT na vida política e social da cidade. Isso sim poderia impor limites à autonomia dos nossos aliados.

7 – Qual o ensinamento da candidatura Freixo? Existe um espaço a ser ocupado pela esquerda, desde que se construa o sistema de alianças, a consistência programática e a capacidade logística que o PSOL não logrou obter, apesar da votação expressiva que recebeu.

8 – Nossa derrota acontece num momento muito sério. Devemos apelar aos companheiros de boa-fé que apoiaram essa política de virtual destruição do partido e que agora começam se perguntar porque tudo deu errado. É preciso confiar na integridade da militância. A peneira da coerência vai demonstrar quem realmente é petista e quem está a serviço do PMDB em troca de benefícios pessoais.

9 – Nem tudo está perdido. O partido venceu Brasil afora e no interior do Rio. Em 2014, a candidatura própria poderá resgatar a iniciativa perdida. É hora de união em torno deste objetivo. Vamos mudar o Estado do Rio de Janeiro em benefício da maioria da população!

É hora de Lindbergh governador!

Kadu Machado, pelo Núcleo Celso Furtado, do PT-RJ


30 de setembro de 2012

Entrevista: Khaled Fouad Allam


Síria e a nova geopolítica do Oriente Médio
Por IHU On-Line

Khaled Fouad Allam é sociólogo e político argelino, naturalizado italiano. Atualmente leciona na Universidade de Trieste, na Itália. Confira a entrevista.

IHU On-Line – Qual a origem do conflito político na Síria? Como descreve os confrontos que ocorrem no país desde 2011, onde parte da população quer a queda do regime de Assad e outros defendem sua continuação? Quais são as raízes históricas desse conflito, que explodiu em 2011?
Khaled Fouad Allam – Diferentemente de quanto aconteceu nos outros países árabes, o conflito político que se desencadeou na Síria é o produto da “primavera árabe”, mas é também o resultado de uma situação relativamente singular. O regime alaouitaha, sempre visto como um regime “laico”, no qual coexistem pacificamente as minorias étnico-religiosas – curdos, armênios, drusos, sunitas, cristãos, xiitas – e os alaouiti representam uns 10% da população. Mas, para manter certa coesão, o regime usou a violência política como modalidade de estruturação do Estado. Nos momentos de crise o Estado usou a violência para manter a própria legitimidade. O que ocorreu em 2011 em escala nacional reforça quanto havia ocorrido em 1981 em escala local. A “primavera árabe” desencadeou, pois, uma generalização do conflito sobre todo o território nacional.

IHU On-Line Por que, diferentemente dos regimes da Tunísia e do Egito, o regime ditatorial de Assad consegue resistir aos conflitos e se manter no poder?
Khaled Fouad Allam – Sobre as revoluções árabes, pode-se dizer que esta parte do mundo sai de um ciclo histórico para entrar num outro que representa uma incógnita. Mas há profundas diferenças entre as revoluções dos anos 1950 e 1960 no mundo árabe e as de hoje: o fim do nacionalismo árabe e o nascimento de um novo fenômeno que chamamos “islamo-nacionalismo”, no qual as novas gerações procuram resolver aquilo que para seus progenitores era um conflito, vale dizer, a relação entre nacionalismo e islã. Isso explica em parte o crescimento exponencial do fundamentalismo e o retorno do debate político sobre estado e a shari’a. Vão neste sentido os hodiernos conflitos políticos e sociais na Tunísia e no Egito, centrados na questão feminina na Tunísia e no tratamento das minorias religiosas no Egito. Em ambos os países a norma islâmica discrimina entre homens e mulheres e entre muçulmanos e não muçulmanos.

IHU On-Line Qual foi a influência da Primavera Árabe nos conflitos da Síria? Qual foi a relevância social e política das manifestações e qual seu reflexo atual?

Khaled Fouad Allam – Os regimes árabes são regimes autoritários que podem se tornar despóticos. Em parte isso explica como a construção do estado-nação no século XX se tenha desenvolvido num contexto de guerra fria, de forte influência da União Soviética que apoiava os países não alinhados e na qual grande parte da classe dirigente provinha das academias militares. Por conseguinte, no decurso do século XX, o estado no mundo árabe se construiu contra a própria sociedade, e as derivas autoritárias cancelaram frequentemente os direitos humanos e todas as formas de liberdade pública. Isso explica também como precisamente nos anos 1960 e 1970 se tenha desenvolvido a contestação islamita em todos os países árabes, e como esta tenha sido reprimida pelos mesmos regimes. A propósito, assinalo os estudos de Gilles Kepel e de Robert Mitchelise e o meu ensaio sobre “O islã global”.

IHU On-Line Como compreender a permanência de um regime ditatorial em pleno século XXI?
Khaled Fouad Allam – Em quase todos os países árabes, e entre eles a Síria, os regimes políticos são de tipo dinástico, e sua manutenção no tempo não se baseou sobre o princípio democrático, mas sobre o autoritarismo.

IHU On-Line Por quais razões China e Rússia vetaram a resolução contra o governo de Assad, no Conselho de Segurança da ONU? Como esses países se beneficiam com o conflito armado?
Khaled Fouad Allam – Em particular, a Rússia sempre tem sido um aliado estratégico da Síria, tanto durante como após a guerra fria; o exército sírio foi formado pelos russos. Do ponto de vista geopolítico, tanto a China como a Rússia consideram a Síria o epicentro do Oriente Médio: quando se despreza a Síria, se despreza toda a região, com graves consequências sobre as minorias muçulmanas na Rússia e na China. Para estes países, a Síria é uma importante cunha da geopolítica do Oriente Médio.

IHU On-Line Qual é a participação da religião na política desenvolvida na Síria? Ela interfere nas decisões políticas e nos rumos do país? A “guerra civil” instalada no país tem um fundamento religioso?
Khaled Fouad Allam – As relações entre religião e política na Síria se distinguem daquelas dos outros países árabes, porque existe certa forma de laicismo. Mas isso não significa que não se tenha desenvolvido o fundamentalismo islâmico. Já no início dos anos 1980, na onda da revolução iraniana, houve importantes manifestações de fundamentalistas islâmicos, que foram reprimidas pelo governo da época.

IHU On-Line Como muçulmanos xiitas e sunitas se relacionam no país?
Khaled Fouad Allam – Na realidade, as relações entre xiitas e sunitas, tanto na Síria como alhures, sempre têm sido tensas; o conflito na base do divórcio (fitna) entre sunitas e xiitas jamais foi sanado. Isso não impede que, no plano sociológico, existam lugares de convivência relativamente pacíficos que, no entanto, podem explodir nos momentos de crise, como no atual.

IHU On-Line Qual é a relação entre muçulmanos e demais religiões presentes na Síria? Há dialogo inter-religioso, especialmente com os cristãos?
Khaled Fouad Allam – Desde sempre a Síria é um exemplo de coexistência entre muçulmanos e outras confissões. Mas as ideologias e os vários nacionalismos podem pôr em crise a coexistência entre os grupos.
IHU On-Line Qual é a atual situação dos cristãos na Síria e como se manifestam frente a permanência do regime de Assad? Há medo e risco de que, caso haja abertura democrática, os cristãos sejam perseguidos?
Khaled Fouad Allam – Na Síria, os cristãos se sentem em perigo por causa da guerra civil em curso, e sua comunidade se encontra ameaçada. Isso explica os temores manifestados pelas hierarquias cristãs no país Síria diante da atual situação.

IHU On-Line Qual o significado da declaração de Assad, quando ele afirma que está se formando um novo mapa geoestratégico que alinha a Síria, a Turquia, o Irã, a Rússia juntando política, interesses e infraestrutura? O Oriente Médio está se modificando?
Khaled Fouad Allam – O mundo árabe está mudando totalmente, está entrando num novo ciclo de sua história. A Síria representa a pedra angular, enquanto há aí novos atores políticos, a Turquia e o Irã, países que veem nela o núcleo de novas hegemonias regionais. E tudo isso está evoluindo ante a ausência da Europa.

IHU On-Line Quais são os conflitos entre Israel e Síria?
Khaled Fouad Allam – Além da questão do Golã, é evidente que Israel está perdendo sua “cintura de segurança”, que era formada pelo Egito, mas em parte também pela Síria. Isso torna muito mais complexa a crise síria, e haverá um notável impacto sobre todos os equilíbrios mundiais.

IHU On-Line Com quais países do Oriente Médio a Síria se relaciona e com quais ela diverge?
Khaled Fouad Allam – A Síria, que era um país importante dentro da Liga árabe e da Organização da Conferência islâmica, encontra-se hoje isolada. Todavia, este isolamento é coberto e culminado pela Rússia e pela China.

IHU On-Line Como foi o encontro que discutiu a questão política e religiosa da Síria, organizado pela Associação Sírios Livres na Itália? Quais os principais apontamentos do jesuíta Paolo Dall'Oglio?
Khaled Fouad Allam – O Pe. Dall’Oglio testemunhou a situação na Síria vista a partir de seu mosteiro, uma experiência bela, mas também dramática. Durante um encontro, do qual participei junto ao padre Dall'Oglio e a Massimo Cacciari, os sírios, além de suas diversidades étnicas e religiosas, manifestaram um desejo de unidade – e era recorrente o lema “o povo sírio é uno e único”. Mas tudo isto é construído politicamente.
Retirado do site IHU On-Line.

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Entrevista: Carlos Nelson Coutinho


Sem democracia não há socialismo, e sem socialismo não há democracia
Por Hamilton Octávio de Souza, Marcelo Salles, Renato Pompeu e Tatiana Merlino

Carlos Nelson Coutinho, um dos intelectuais marxistas mais respeitados do Brasil, recebeu a Caros Amigos em seu apartamento no bairro do Cosme Velho, Rio de Janeiro, para uma conversa sobre os caminhos e descaminhos da esquerda brasileira, sua decepção com o governo Lula e as possibilidades de superação do capitalismo.
Estudioso de Antonio Gramsci, Coutinho defende a atualidade de Marx e reafirma o que disse em seu polêmico artigo “Democracia como valor universal”, publicado há 30 anos: “Sem democracia não há socialismo, e sem socialismo não há democracia”.
CNC faleceu na madrugada do dia 20/9/2012, vítima de câncer. Essa entrevista foi publicada na edição 153 da revista, que circulou a partir de dezembro de 2009 — confira as edições anteriores na loja Caros Amigos

Hamilton Octávio de Souza — Queremos saber da sua história, onde nasceu, onde foi criado, como optou por esta carreira..
Caros Nelson Coutinho — Nasci na Bahia, em uma cidade do interior chamada Itabuna, mas fui para Salvador muito pequenininho, com uns 3 ou 4 anos. Me formei em Salvador, e as opções que eu fiz, fiz em Salvador. Eu nasci em 1943, glorioso ano da batalha de Stalingrado. Me formei em filosofia na Universidade Federal da Bahia, um péssimo curso, e com meus 18 ou 19 anos sabia mais do que a maioria dos professores. Meus pais eram baianos também. Meu pai era advogado e foi deputado estadual durante três legislaturas da UDN. Publicamente ele não era de esquerda, mas dentro de casa ele tinha uma posição mais aberta. Eu me tornei comunista lendo o Manifesto Comunista que o meu pai tinha na biblioteca. Ele era um homem culto, tinha livros de poesia. Minha irmã, que é mais velha, disse que eu precisava ler o Manifesto Comunista. Foi um deslumbramento. Eu devia ter uns 13 ou 14 anos. Aí fiz faculdade de Direito por dois ano porque era a faculdade onde se fazia política, e eu estava interessado em fazer política. Me dei conta que uma maneira boa de fazer política era me tornando intelectual. Aos 17 anos entrei no Partido Comunista Brasileiro, que naquela época tinha presença. O primeiro ano da faculdade foi até interessante porque tinha teoria geral do Estado, economia política, mas quando entrou o negócio de direito penal, direito civil, aí eu vi que não era a minha e fui fazer filosofia.

Renato Pompeu — Mas quais eram as suas referências intelectuais?
CNC — Em primeiro lugar, Marx, evidentemente, mas também foram muito fortes na minha formação intelectual o filósofo húngaro George Lukács e Gramsci. Eu tenho a vaidade de ter sido um dos primeiros a citar Gramsci no Brasil, porque aos 18 anos eu publiquei um artigo sobre ele na revista da faculdade de Direito. Aí eu vim para o Rio e fui trabalhar no Tribunal de Contas. Me apresentei ao João Vieira Filho para trabalhar e ele me falou: “meu filho, vá pra casa e o que você precisar de mim me telefone”. Eu fiquei dois ou três anos aqui sem trabalhar, mas a situação ficou inviável. Pedi demissão e fui, durante um bom tempo, tradutor. Eu ganhava a vida como tradutor, traduzi cerca de 80 ou 90 livros. Em 76, eu fui para a Europa. Passei 3 anos fora, não fui preso, mas senti que ia ser, foi pouco depois da morte do Vlado. Então morei na Europa por três anos, onde acho que aprendi muita política. Morei na Itália na época do florescimento do eurocomunismo, que me marcou muito. O primeiro texto que publiquei é exatamente este artigo da “Democracia como valor universal” que causou, sem modéstia, um certo auê na esquerda brasileira na época. Até hoje há citações de que é um texto reformista, revisionista. Enfim, voltei do exílio e entrei na universidade, na UFRJ, onde eu estou há quase 28 anos. Passei por três partidos políticos na vida. Entrei no PCB, como disse antes, aos 17 anos, onde fiquei até 1982, quando me dei conta que era uma forma política que tinha se esgotado. Nesse momento, surge evidentemente uma coisa que o PC não esperava e não queria, que é um partido realmente operário, no sentido de ter uma base operária. O mal-estar do PCB contra o PT no primeiro momento foi enorme. Eu saí do PCB, mas não entrei logo no PT. Só entrei no PT no final da década de 80, entrei junto com o [Milton] Temer e o Leandro Konder. Fizemos uma longa discussão para ver se entrávamos ou não, e ficamos no PT até o governo Lula, quando nos demos conta que o PT não era mais o PT. Saí e fui um dos fundadores do PSOL, que ainda é um partido em formação. Ele surge num momento bem diferente do momento de formação do PT, de ascensão do movimento social articulado com a ascensão do movimento operário. E o PSOL surge exatamente em um momento de refluxo. Nessa medida, ele é ainda um partido pequeno, cheio de correntes. Eu sou independente, não tenho corrente. Podemos dizer o seguinte: eu tinha um casamento monogâmico com o PCB, com o PT já me permitia traições e no PSOL é uma amizade colorida.

Tatiana Merlino — Em uma entrevista recente o senhor falou sobre o avanço e o triunfo da pequena política sobre a grande política dentro do governo Lula. Você pode falar um pouco sobre isso?
CNC — Gramsci faz uma distinção entre o que chama de grande política e pequena política. A grande política toma em questão as estruturas sociais, ou para modificá-las, ou para conservá-las. A pequena política de Gramsci é a política da intriga, do corredor, a intriga parlamentar, não coloca em discussão as grandes questões. Durante algum tempo, o Brasil passou por uma fase de grande política. Se a gente lembrar, por exemplo, a campanha presidencial de 89, sobretudo o segundo turno, tinha duas alternativas claras de sociedade. Não sei se, caso o PT ganhasse, ia cumpri-la, mas, do ponto de vista do discurso, tinha uma alternativa democrático-popular e uma alternativa claramente neoliberal. Até certo momento, no Brasil, nós tivemos uma disputa que Gramsci chamaria de grande política. A partir, porém, sobretudo, da vitória eleitoral de Lula, eu acho que a redução da arena política acaba na pequena política, ou seja, que no fundo não põe em discussão nada estrutural. Eu diria que é a política tipo americana. Obviamente o Obama não é o Bush, mas ninguém tem ilusão de que o Obama vai mudar as estruturas capitalistas dos Estados Unidos, ou propor uma alternativa global de sociedade. Então, o que está acontecendo no Brasil é um pouco isso, dando Dilma ou dando Serra não vai mudar muita coisa não. Até às vezes desconfio que o Serra pode fazer uma política menos conservadora, mas depois vão me acusar de ter aderido a ele. Eu até faço uma brincadeira, dizendo que a política brasileira “americanalhou”, virou essa coisa... Então, neste sentido eu entrei no PSOL até com essa ideia de criar uma proposta realmente alternativa. Infelizmente o PSOL não tem força suficiente para fazer essa proposta chegar ao grande público, mas é uma tentativa modesta de ir contra a pequena política.

Renato Pompeu — Você não acha que esse americanalhamento aconteceu na própria pátria do Gramsci?
CNC — Ah, sem dúvida. A predominância da pequena política é uma tendência mundial. Me lembro que logo depois da abertura eu escrevi uns dois ou três artigos em que dizia que o Brasil se tornou uma sociedade complexa. O Gramsci a chamaria de ocidental, que é uma sociedade civil desenvolvida, forte e tal. Mas há dois modelos de sociedade ocidental - um modelo que eu chamava de americano, que é este onde há sindicalismo, mas o sindicalismo não se põe nas estruturas, há um bipartidarismo, mas os partidos são muito parecidos, e o que eu chamava de modelo europeu, onde há disputa de hegemonia. Ou seja, se alguém votava no partido comunista na Itália, sabia que estava votando em uma proposta de outra ordem social. Se alguém votava no Labour Party na Inglaterra durante um bom tempo, pelo menos o programa deles era socialista, de socialização dos meios de produção. E quem votava no partido conservador queria conservar a ordem. O Brasil tinha como alternativa escolher um ou outro modelo. Por exemplo, havia partidos que são do tipo americano, como o PMDB, mas havia partidos que são do tipo europeu, como o PT. Havia um sindicalismo de resultado e um sindicalismo combativo (CUT, por exemplo), mas tudo isso era naquela época. Depois a hegemonia neoliberal, em grande parte, americanalhou a política mundial. A Europa hoje é exatamente isso, são partidos que diferem muito pouco entre si. Há um “americanalhamento”. É um fenômeno universal e é uma prova da hegemonia forte do neoliberalismo.

Tatiana Merlino — Então o avanço da pequena sobre a grande política está sendo mundial?
CNC — É um fenômeno mundial, não é um fenômeno brasileiro. Mas veja só, começam a surgir na América Latina formas que tentam romper com este modelo da pequena política. Estou falando claramente de Chávez, Evo Morales e Rafael Correa, ainda que eu não seja um chavista, até porque eu acho que o modelo que o Chávez tenta aplicar na Venezuela não é válido para o Brasil, que é uma sociedade mais complexa, mais articulada. Mas certamente é uma proposta que rompe com a pequena política. Quando o Chávez fala em socialismo, ele recoloca na ordem do dia, na agenda política, uma questão de estrutura.

Tatiana Merlino — Então é um socialismo novo, do século 21.
CNC — Que socialismo é esse?
Eu não sei, aí tem que perguntar para o Chávez. Olha, eu não gosto dessa expressão “socialismo do século 21”, eu diria “socialismo no século 21”.

Renato Pompeu — E como seria o socialismo no século 21?
CNC — Socialismo não é um ideal ético ao qual tendemos para melhorar a ordem vigente. O socialismo é uma proposta de um novo modo de produção, de uma nova forma de sociabilidade, e nesse sentido eu acho que o socialismo é, mesmo no século 21, uma proposta de superar o capitalismo. Novidades surgiram, por exemplo: quem leu o Manifesto Comunista, como eu, vê que Marx e Engels acertaram em cheio na caracterização do capitalismo. A ideia da globalização capitalista está lá no Manifesto Comunista, o capitalismo cria um mercado mundial, expande e vive através de crises. Essa ideia de que a crise é constitutiva do capitalismo está lá em Marx. Mas há um ponto que nós precisamos rever em Marx, e rever certas afirmações, que é o seguinte: Quem é o sujeito revolucionário? Nós imaginamos construir uma nova ordem social. Naturalmente, para ser construída, tem que ter um sujeito. Para Marx, era a classe operária industrial fabril, e ele supunha, inclusive, que ela se tornaria maioria da sociedade. Acho que isso não aconteceu. O assalariamento se generalizou, hoje praticamente todas as profissões são submetidas à lei do assalariamento, mas não se configurou a criação de uma classe operária majoritária. Pelo contrário, a classe operária tem até diminuído. Então, eu diria que este é um grande desafio dos socialistas hoje. Hoje em dia tem aquele sujeito que trabalha no seu gabinete em casa gerando mais-valia para alguma empresa, tem o operário que continua na linha de montagem... Será que este cara que trabalha no computador em casa se sente solidário com o operário que trabalha na linha de montagem? Você vê que é um grande desafio. Como congregar todos estes segmentos do mundo do trabalho permitindo que eles construam uma consciência mais ou menos unificada de classe e, portanto, se ponham como uma alternativa real à ordem do capital?

Renato Pompeu — Aí tem o problema dos excluídos...
CNC — Eu tenho sempre dito que as condições objetivas do socialismo nunca estiveram tão presentes. Prestem atenção, o Marx, no livro 3 do “Capital”, diz o seguinte: O comunismo implica na ampliação do reino da liberdade e o reino da liberdade é aquele que se situa para além da esfera do trabalho, é o reino do trabalho necessário, é o reino onde os homens explicitarão suas potencialidades, é o reino da práxis criadora. Até meio romanticamente ele chega a dizer no livro “A Ideologia Alemã” que o socialismo é o lugar onde o homem de manhã caça, de tarde pesca e de noite faz crítica literária, está liberto da escravidão da divisão do trabalho. E ele diz que isso só pode ser obtido com a redução da jornada de trabalho. O capitalismo desenvolveu suas forças produtivas a tal ponto que isso se tornou uma possibilidade, a redução da jornada de trabalho, o que eliminaria o problema do desemprego. O cara trabalharia 4 horas por dia, teria emprego para todos os outros. E por que isso não acontece? Porque as relações sociais de produção capitalista não estão interessadas nisso, não estão interessadas em manter o trabalhador com o mesmo salário e uma jornada de trabalho muito menor. Então, eu acho que as condições para que a jornada de trabalho se reduza e, portanto, se crie espaços de liberdade para a ação, para a práxis criadora dos homens, são um fenômeno objetivo real hoje no capitalismo. Mas as condições subjetivas são muito desfavoráveis. A morfologia do mundo do trabalho se modificou muito. Muita gente vive do trabalho com condições muito diferenciadas, o que dificulta a percepção de que eles são membros de uma mesma classe social. Então, esse é um desafio que o socialismo no século 21 deve enfrentar. Um desafio também fundamental é repensar a questão da democracia no socialismo. Eu diria que, em grande parte, o mal chamado “socialismo real” fracassou porque não deu uma resposta adequada à questão da democracia. Eu acho que socialismo não é só socialização dos meios de produção – nos países do socialismo real, na verdade, foi estatização – mas é também socialização do poder político. E nós sabemos que o que aconteceu ali foi uma monopolização do poder político, uma burocratização partidária que levou a um ressecamento da democracia. A meu ver, aquilo foi uma transição bloqueada. Eu acho que os países socialistas não realizaram o comunismo, não realizaram sequer o socialismo e temos que repensar também a relação entre socialismo e democracia. Meu texto, “Democracia como valor universal”, não é um abandono do socialismo. Era apenas uma maneira de repensar o vínculo entre socialismo e democracia. Era um artigo ao mesmo tempo contra a ditadura que ainda existia e contra uma visão “marxista-leninista”, o pseudônimo do stalinismo, que o partido ainda tinha da democracia. Acho que este foi o limite central da renovação do partido.

Marcelo Salles — E nesse “Democracia como valor universal”, você disse recentemente que defende uma coisa que não foi muito bem entendida: socialismo como condição da plena realização da democracia...
CNC — Uma alteração que eu faria no velho artigo era colocar não democracia como valor universal, mas democratização como valor universal. Para mim a democracia é um processo, ela não se identifica com as formas institucionais que ela assume em determinados contextos históricos. A democratização é o processo de crescente socialização da política com maior participação na política, e, sobretudo, a socialização do poder político. Então, eu acredito que a plena socialização do poder político, ou seja, da democracia, só pode ocorrer no socialismo, porque numa sociedade capitalista sempre há déficit de cidadania. Em uma sociedade de classes, por mais que sejam universalizados os direitos, o exercício deles é limitado pela condição classista das pessoas. Neste sentido, para a plena realização da democracia, o autogoverno da sociedade só pode ser realizado no socialismo. Então, eu diria que sem democracia não há socialismo, e sem socialismo não há democracia. Acho que as duas coisas devem ser sublinhadas com igual ênfase.

Hamilton Octávio de Souza — Nós saímos de um período de 21 anos de ditadura militar, essa chamada democracia que nós vivemos, qual é o limite? O que impende o avanço mesmo que não se construa uma nova sociedade?
CNC — Eu acho que temos uma tendência, que me parece equivocada, de tratar os 21 anos da ditadura como se não houvesse diferenças de etapas. Eu acho – e quem viveu lembra – que, de 64 ao AI-5, era ditadura, era indiscutível, mas ainda havia uma série de possibilidades de luta. Do AI-5 até o final do governo Geisel, foi um período abertamente ditatorial. No governo Figueiredo, há um processo de abertura, um processo de democratização que vai muito além do projeto de abertura da ditadura. Tem um momento que os intelectuais mais orgânicos da ditadura, como o Golbery, por exemplo, percebem que “ou abre ou pipoca”. O projeto de abertura foi então atravessado pelo que eu chamo de processo de abertura da sociedade real. Eu não concordo com o Florestan Fernandes quando ele chama a transição de conservadora. Eu acho que ocorreu ali a interferência de dois processos: um pelo alto, porque é tradicional na história brasileira as transformações serem feitas pelo alto, o que resultou na eleição de Tancredo. Mas também houve a pressão de baixo. A luta pelas “Diretas” foi uma coisa fundamental, também condicionou o que veio depois. Esta contradição se expressa muito claramente na Constituição de 88, que tem partes extremamente avançadas. Todo o capítulo social é extremamente avançado, embora a ordem econômica tenha sido mais ou menos mantida. Mas a Constituição é tanto uma contradição que o que nós vimos foi a ação dos políticos neoliberais, dos governos neoliberais de tentar mudá-la, de extirpar dela aquelas conquistas que nós podemos chamar de democráticas. Eu acho que o Brasil hoje é uma sociedade liberal-democrática no sentido de que tem instituições, voto, partidos e tal. Mas, evidentemente, é uma democracia limitada, sobretudo no sentido substantivo. A desigualdade permanece.

Hamilton Octávio de Souza — Mas hoje o que está mais estrangulado para o avanço na democracia ainda no marco de uma sociedade capitalista?
CNC — Eu acho que a ditadura reprimiu a esquerda, nos torturou, assassinou muitos de nós, nos obrigou ao exílio, mas não nos desmoralizou. Eu acho que a chegada do Lula ao governo foi muito nociva para a esquerda. Ninguém esperava que o governo Lula fosse empreender por decreto o socialismo, mas pelo menos um reformismo forte, né? Eu acho que a decepção que isso provocou, mais toda a história do mensalão e tal, é um dos fatores que limitam o processo de aprofundamento da democracia no Brasil. Entre outras coisas porque o governo Lula, que é um governo de centro, cooptou os movimentos sociais. Temos a honrosa exceção do MST que não é assim tão exceção porque eles são obrigados... tem cesta básica nos assentamentos e tal, eles são obrigados também a fazer algumas concessões, mas a CUT... Qual a diferença da CUT e da Força Sindical? Eu acho que essa transformação da política brasileira em pequena política, que se materializou com o governo Lula, que não é diferente do governo Fernando Henrique, foi o fator que bloqueou o avanço democrático. Até 2002, havia um acúmulo de forças da sociedade brasileira que apontava para o aprofundamento da democratização, e o sujeito deste processo era o PT, o movimento social. Na medida em que isso se frustrou, eu acho que houve um bloqueio no avanço democrático na época. O neoliberalismo enraizou-se muito mais fortemente na Argentina do que no Brasil porque aqui havia uma resistência do PT e dos movimentos sociais. Com a chegada ao governo, essa resistência desapareceu. Então, de certo modo, é mais fácil a classe dominante hoje fazer passar sua política em um governo petista do que em um governo onde o PT era oposição.

Tatiana Merlino — Então a conjuntura seria um pouco menos adversa se estivesse o José Serra no poder e o PT como oposição?
CNC — Eu não gostaria de dizer isso, mas eu acho que sim. Mas isso coloca uma questão: e se demorasse mais quatro anos para o PT chegar ao governo, ia modificar estruturalmente o que aconteceu com o PT? Até um certo momento, é clara no partido uma concepção socialista da política. A partir de um certo momento, porém, antes de Lula ir ao governo, o PT abandonou posturas mais combativas. Ele fez isso para chegar ao governo. Mas se demorasse mais quatro anos, ou oito anos, não aconteceria o mesmo? Não sei. Não quero ser pessimista também, não era fatal o que aconteceu com o PT.

Renato Pompeu — Você é professor de qual disciplina?
CNC — De teoria política.

Renato Pompeu — Você é um cientista político ou um filósofo da política?
CNC — Não, não. Filósofo tudo bem, mas cientista político não. Porque ciência política para mim é aquela coisa que os americanos fazem, ou seja, pesquisa de opinião, sistema partidário, a ciência política é a teoria da pequena política. Eu sou professor da escola de Serviço Social.

Hamilton Octávio de Souza — Que projeto que você identifica hoje no panorama brasileiro: a burguesia nacional tem um projeto? As correntes de esquerda têm um projeto? Existe um projeto de nação hoje?
CNC — Isso é um conceito interessante, porque este é um conceito criado em grande parte pela Internacional Comunista e pelo PCB, de que haveria uma burguesia nacional oposta ao imperialismo. Eu me lembro quando eu entrei no partido, eu era meio esquerdista e vivia perguntando ao secretário-geral do partido na Bahia: Quem são os membros da burguesia nacional? E um dia ele me respondeu: “José Ermírio de Moraes e Fernando Gasparian”. Olha, duas pessoas não fazem uma classe. Do ponto de vista nosso, da esquerda, uma das razões da crise do socialismo, das dificuldades que vive o socialismo hoje, é a falta de um projeto. A social-democracia já abandonou o socialismo há muito tempo, e nos partidos de esquerda antagonistas ao capitalismo há uma dificuldade de formulação de um projeto exequível de socialismo. Na maioria dos casos, estes partidos defendem a permanência do Estado do bem-estar social que está sendo desconstruído pelo liberalismo. É uma estratégia defensivista. Essa é outra condição subjetiva que falta, a formulação clara de um projeto socialista. Do ponto de vista das classes dominantes, eu acho que eles têm um projeto que estava claro até o momento da crise do neoliberalismo. Foi o que marcou o governo Collor e o governo Fernando Henrique e o que está marcando também o governo Lula, com variações. Evidentemente, há diferenças, embora a meu ver, não estruturais. Esse é o projeto da burguesia. Com a crise, eu acho que algumas coisas foram alteradas, então, uma certa dose de keynesianismo se tornou inevitável, mas sempre em favor do capital e nunca em favor da classe trabalhadora. Tenho um amigo que diz. “Estado mínimo para os trabalhadores e máximo para o capital”. No fundo, é essa a proposta do neoliberalismo: desconstrução de direitos, concessão total de todas as relações sociais ao mercado, subordinação do público ao privado, ao capital internacional. Não há burguesia anti-imperialista no Brasil, definitivamente. Pode haver um burguês que briga com o seu concorrente e o seu concorrente é um estrangeiro, mas nem assim ele vai ser anti-imperialista.

Hamilton Octávio de Souza — Você vê alguma alteração a curto prazo?
CNC — O que poderia mudar isso seria um fortalecimento dos movimentos sociais, da sociedade civil organizada sob a hegemonia da esquerda. E pressionar para que reformas fossem feitas e se retomasse uma política econômica mais voltada para as classes populares. Tem um mote de Gramsci que eu acho muito válido, que é: “pessimismo da inteligência e otimismo da vontade”. A esquerda não pode ser otimista numa análise do que está acontecendo no mundo porque a esquerda tem perdido sucessivas batalhas. Então ser otimista frente a um quadro desses é difícil. Quanto mais nós somos pessimistas, mais otimismo da vontade temos de ter, mais a gente deve ter clareza que só atuando, só dedicando todo o nosso empenho à mudança disso é que essa coisa pode ser mudada. Então, a esperança de mudança seguramente há, há potencialidades escondidas na atual sociedade que permitem ver e pensar a superação do capitalismo. O capital não pode perdurar. A alternativa ao socialismo, como dizia a Rosa Luxemburgo, é a barbárie. Se o capitalismo continuar, teremos cada vez mais uma barbarização da sociedade que nós já estamos assistindo.

Hamilton Octávio de Souza — Por conta do neoliberalismo, tivemos um aumento do desemprego estrutural, a informalidade do trabalho, o desrespeito à legislação trabalhista, estamos numa condição de perdas de conquistas, direitos. Como é que se explica a fraqueza do movimento social diante disso?
CNC — A certeza que nós temos de que o capitalismo não vai resolver os problemas nem do mundo nem do Brasil nos faz acreditar que, primeiro, a história não acabou, e, portanto, ela está se movendo no sentido de contestar a independência barbarizante do capital. Onde eu vejo focos, no Brasil de hoje, é no MST. Uma coisa que funciona muito bem no MST é a preocupação deles com a formação dos quadros. Eu fui de um partido, o PCB, que tinha curso, mas as pessoas iam para Moscou, faziam a escola do partido. O PT nunca se preocupou com formação de quadros, não tinham escolas, e o MST tem. Eu acho que o MST tem uma ambiguidade de fundo que é complicada. Ele é um movimento social e, como todo movimento social, ele é particularista, defende o interesse dos trabalhadores que querem terra. Essa não pode ser uma demanda generalizada da sociedade. Eu não quero um pequeno pedaço de terra, nem você. O partido político é quem universaliza as demandas, formula uma proposta de sociedade que engloba as demandas dos camponeses, proletários, das mulheres... O MST tem uma ambiguidade porque ele é um movimento que frequentemente atua como partido. Eu acho que isso às vezes limita a ação do MST.

Marcelo Salles — O termo “Ditadura do Proletariado” que vez ou outra algum liberal usa...
CNC — Na época de Marx, ditadura não tinha o sentido de despotismo que passou a ter depois. Ditadura é um instituto do direito romano clássico que estabelecia que, quando havia uma crise social, o Senado nomeava um ditador, que era um sujeito que tinha poderes ilimitados durante um curto período de tempo. Resolvida a crise social, voltava a forma não ditatorial de governo. Então, quando o Marx fala isso, ele insiste muito que é um período transitório: a ditadura vai levar ao comunismo, que para ele é uma sociedade sem Estado. Ele se refere a um regime que tem parlamento, que o parlamento é periodicamente reeleito, e que há a revogabilidade de mandato. Então, essa expressão foi muito utilizada impropriamente tanto por marxistas quanto por antimarxistas. Apesar de que em Lênin eu acho que a ditadura do proletariado assume alguns traços meio preocupantes. Em uma polêmica com o Kautsky, ele diz: ditadura é o regime acima de qualquer lei. Lênin não era Stálin, mas uma afirmação desta abriu caminho para que Stálin exercesse o poder autocrático, fora de qualquer regra do jogo, acima da lei. Tinha lei, tinha uma Constituição que era extremamente democrática, só que não valia nada.

Marcelo Salles — Estão sempre dizendo que não teria liberdade de expressão no socialismo, porque o Estado seria muito forte, e teria o partido único...
CNC — Em primeiro lugar, não é necessário que no socialismo haja partido único, e não é desejável, até porque, poucas pessoas sabem, mas no início da revolução bolchevique o primeiro governo era bipartidário. Era o partido bolchevique e o partido social-revolucionário de esquerda. Depois, eles brigaram e ficou um partido só. Mas não é necessário que haja monopartidarismo. Segundo, Rosa Luxemburgo – marxista, comunista, que apoiou a revolução bolchevique – dizia o seguinte: liberdade de pensamento é a liberdade de quem pensa diferente de nós. Então, não há na tradição marxista a ideia de que não haja liberdade de expressão, mas uma coisa é liberdade de expressão e outra coisa é o monopólio da expressão. Liberdade de expressão sim, contanto que não seja uma falsa liberdade de expressão. Eu acho que o socialismo é condição de uma assertiva liberdade de expressão.
Retirado do site Caros Amigos.

Hamilton Octávio de Souza, Marcelo Salles, Renato Pompeu e Tatiana Merlino são jornalistas