23 de dezembro de 2012
18 de dezembro de 2012
Presente de Natal
Amigas e amigos,
Neste Natal e
demais festas de fim de ano, uma sugestão de presente bacana é o livro
“Território Livre da Democracia: os novos debates do Teatro Casa Grande”,
lançado pela Editora Jardim Objeto (138p., imagem da capa abaixo).
Por um precinho
camarada, você vai ter acesso ao melhor da opinião de esquerda e ainda ajuda
o Instituto Casa Grande (ICG) e o
jornal Algo
a Dizer.
Organizado por
Marcelo Barbosa, o livro contém a transcrição das palestras do ciclo de
debates com o mote “O papel do Brasil,
seus problemas e potencialidades, num mundo cada vez mais complexo” realizado
ao longo de 2011 no histórico Teatro do Leblon, fruto da parceria do Instituto
Casa Grande com a Escola
Nacional Florestan Fernandes e o jornal Algo a Dizer.
Foram debatedores: Emir Sader, João Pedro Stédile, Samuel Pinheiro
Guimarães, Aleida Guevara, Aloísio Teixeira, Wladimir Pomar, Saturnino Braga
e Muniz Sodré. E, de uma mesa que discutiu a obra e o legado de
Nelson Werneck Sodré, participaram Marcelo Barbosa, Marly Vianna, Carlos Nelson
Coutinho e José Paulo Neto.
Achar a publicação é fácil. Está à venda nos seguintes locais:
Livraria da Travessa: várias lojas, em
especial a de Ipanema (Rua Visconde de Pirajá, 572 – tel.: (21)
3205-9002), Rio;
Arlequim: Prédio do Paço Imperial (Praça XV,
48, loja 1, Centro – tel.: (21) 2220-8471 / 2524-7242), Rio;
Livraria
Folha Seca: Rua do Ouvidor, 37, Centro – tel.: (21) 2507-7175, Rio;
Livraria Antonio Gramsci, do Núcleo
Piratininga de Comunicação: Rua Alcindo Guanabara, 17, Cinelândia – tel.:
(21) 2220-5618, Rio;
Livraira Horus: Rua Senador Dantas, 75,
Cinelândia – (21) 2220-7680 / 2533-3638, Rio;
Livraria Universo:
Campus da Praia Vermelha, da UFRJ,
Avenida Pasteur, 250 – (21)
2541-8791 / 2275-6283, Rio;
Kitabu
Livraria Negra: Rua Joaquim Silva, 17, loja, Lapa – (21) 2252-0533,
Rio;
Livraria Editora da UFRJ: Prédio do Fórum de Ciência e
Cultura,
Avenida Pasteur, 250, Campus da
Praia Vermelha – (21) 2542-7646
/ 2295-0346, Rio.
Kadu Machado
(21) 9212-3103
12 de dezembro de 2012
Mudança de local do etílico-político-cultural
Excepcionalmente, o encontro etílico-político-cultural dos amigos
do jornal Algo a Dizer de dezembro ocorrerá dia 13/12, a partir das 18h30,
no Boteco do Chico.
Ele fica na Rua
Mem de Sá, 127, esquina com rua dos Inválidos (dois quarteirões e meio adiante do bar Arco Íris, onde são os encontros
ordinários), Lapa, Rio.
Tem cerveja em garrafa, chope, pizzas de boa
qualidade, petiscos e pratos à la carte, todos com preços honestos.
Venha e traga amigos e familiares:
você só paga o que consumir.
Um forte abraço e até lá
Kadu Machado
(21) 9212-3103
5 de dezembro de 2012
Lançamento em Brasília de "Território Livre da Democracia – os novos debates do Teatro Casa Grande"
Dia 11/12 (terça), às 20h, no Feitiço Mineiro,
lançamento de “Território livre da democracia – os novos debates do Teatro Casa
Grande” (Ed. Jardim Objeto, 138p., R$ 20,00).
O livro –
coordenado por Marcelo Barbosa – é a compilação das transcrições do ciclo de
debates “O papel do Brasil, seus problemas e potencialidades, num mundo
cada vez mais complexo” realizado ao longo de 2011 no histórico teatro do
Leblon, no Rio.
Foram palestrantes:
Emir Sader, João Pedro Stédile, Samuel
Pinheiro Guimarães, Aleida Guevara,
Aloísio Teixeira, Wladimir Pomar, Saturnino Braga e Muniz
Sodré. E – de uma mesa que discutiu a obra e o legado de Nelson
Werneck Sodré – participaram Marcelo
Barbosa, Marly Vianna, Carlos Nelson Coutinho e José Paulo Neto.
O ciclo foi
fruto da parceria do Instituto
Casa Grande com a Escola
Nacional Florestan Fernandes e o jornal Algo a Dizer.
O Feitiço Mineiro
fica na CLN 306, Bloco B, Lojas 45/51, Brasília - DF. Telefone: (61) 3272-3032.
Mais
informações com:
Marcelo Barbosa (21) 9601-9177 / marcelobarbosadasilva@bol.com.br.
3 de dezembro de 2012
Comunicado conjunto: Palestina, dois povos, dois Estados!
As instituições abaixo-assinadas saúdam a inclusão da Palestina como Estado observador não-membro da ONU. Entendemos que esse é um passo muito significativo para a constituição de um Estado palestino soberano e independente, indispensável para se alcançar uma paz duradoura no Oriente Médio.
A fórmula "Dois povos, dois Estados" é uma ideia-força, que, se implementada, permitirá o desenvolvimento de palestinos e israelenses nas fronteiras de seus Estados nacionais.
No Oriente Médio, a paz é revolucionária. Com ela, o reconhecimento mútuo, baseado em acordos que levem em consideração as fronteiras anteriores à guerra de junho de 1967, poderá trazer segurança, estabilidade e desenvolvimento tanto para o Estado de Israel como para o futuro Estado da Palestina.
Repudiamos alternativas militaristas, que carregam no ventre formas inaceitáveis de supremacia. Defendemos respostas políticas abrangentes, que respeitem identidades, histórias e perspectivas de futuro.
Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2012
ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação (Brasil)
Associação Kinderland (Brasil)
ICIB – Instituto Cultural Israelita Brasileiro (Brasil)
ICUF – Ídisher Cultur Farband (Argentina)
Instituto Casa Grande (Brasil)
Meretz (Israel)
Meretz (Brasil)
Jornal Algo a Dizer (Brasil)
Grupo Tortura Nunca Mais (Brasil)
A fórmula "Dois povos, dois Estados" é uma ideia-força, que, se implementada, permitirá o desenvolvimento de palestinos e israelenses nas fronteiras de seus Estados nacionais.
No Oriente Médio, a paz é revolucionária. Com ela, o reconhecimento mútuo, baseado em acordos que levem em consideração as fronteiras anteriores à guerra de junho de 1967, poderá trazer segurança, estabilidade e desenvolvimento tanto para o Estado de Israel como para o futuro Estado da Palestina.
Repudiamos alternativas militaristas, que carregam no ventre formas inaceitáveis de supremacia. Defendemos respostas políticas abrangentes, que respeitem identidades, histórias e perspectivas de futuro.
Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2012
ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação (Brasil)
Associação Kinderland (Brasil)
ICIB – Instituto Cultural Israelita Brasileiro (Brasil)
ICUF – Ídisher Cultur Farband (Argentina)
Instituto Casa Grande (Brasil)
Meretz (Israel)
Meretz (Brasil)
Jornal Algo a Dizer (Brasil)
Grupo Tortura Nunca Mais (Brasil)
30 de novembro de 2012
Papo com ativista israelense na ASA
A israelense Rona Moran é ativista da ONG Who profits (Quem ganha; www.whoprofits.org).
A organização investiga os interesses comerciais das empresas que
lucram com a ocupação israelense de terras palestinas e sírias.
Publica informes e pesquisas sobre essas companhias, que são base de um centro geral de informações.
Em visita ao Rio, Rona irá à ASA nesta segunda-feira, 3 de dezembro, às
20 horas. A conversa será aberta a todos os interessados.
27 de novembro de 2012
No ar, a edição de NOVEMBRO do jornal Algo a Dizer
Já está no ar a edição de NOVEMBRO do jornal de Cultura e Política Algo a Dizer, com o seguinte conteúdo:
1) Entrevista com Muniz Sodré, ex-presidente da Biblioteca Nacional e
professor emérito da Escola de Comunicação da UFRJ que fala do preconceito
racial em nosso País: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=918;
2) Entrevista com o escritor, dramaturgo e roteirista de cinema cubano Reinaldo Montero falando de Cuba, literatura e Brasil: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=919;
3) Entrevista com o diretor do Instituto de Economia da UFRJ Carlos
Frederico comentando as avaliações da PNAD 2011 e o quanto ainda falta
para superarmos as desigualdades: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=920;
4) As inspiradas reflexões de Afonso Guerra-Baião sobre a Ação Penal 470: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=921;
5) Adriano Benayon prossegue em sua análise do fenômeno da desnacionalização de nossa economia: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=922;
6) Lisa Reis dos Santos protesta contra o autoritarismo na condução das
obras do metrô na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, Rio: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=923;
7) Os 95 anos da Revolução socialista na Rússia de 1917 – completados
dia 7 deste mês – e sua importância são lembrados por Gilberto
Moringoni: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=924;
8) Guido Bilharinho analisa o filme Ganga Bruta, de Humberto Mauro: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=925;
9) Resenha da nova edição de “O velho Graça – uma biografia de Graciliano Ramos”, de Denis de Moraes: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=926;
10) Adilson Luiz Gonçalves aborda a questão dos royalties para cidades protuárias: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=927;
11) O belo Cotidiano de Maria Balé “Um amor de colheita tardia”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=928;
12) “Minhas outras vidas”, crônica surrealista de Alexandre Brandão: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=929;
13) Cinthya Nunes reflete sobre o fim dos casamentos em sua crônica “Quando o amor se vai”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=930;
14) Em “Vermelha demais”, Denise Ribeiro comenta seu incômodo estético: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=931;
15) Viagem a “Chianti”, Itália, na crônica de Ivan Alves Filho: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=932;
16) O humor inteligente no aconselhamento de Jorge Nagao em sua crônica “Escrever direito – não o curso”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=933;
17) A “beatlescrônica” de Marcílio Godoi, “Um Sir na padaria”, parece escrita
sob efeito – como a do Alexandre Brandão – de Lucy in the Sky with
Diamonds: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=934;
18) Outra crônica de inspiração lisérgica, “Amanita miuscaria”, de Marilena Montanari: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=935;
19) Belo e misterioso relato de “Ela & ele”, crônica de Valéria Dantas: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=936;
20) A homenagem a Drummond na poesia de Angela Leite de Souza: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=937;
21) O belo soneto “Senha”, de Luca Barbabianca: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=938;
22) Dois contos curtos de Rodrigo Domit, “Matematicamente” e “Como que
sem querer”, de seu premiado livro “Colcha de retalhos”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=939;
23) No ensaio “Um remédio para matar ou salvar o SUS?”, a cinetista política da FGV Sonia Felury
aborda o tema da fronteira do público e do privado no Sistema Único de
Saúde: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=940.
Um forte abraço e boa leitura
Kadu Machado
(21) 9212-3103
25 de novembro de 2012
Amanhã, segunda, lançamento do livro "Luiz Carlos Prestes"
AMANHÃ, segunda (26/11), às 20h, lançamento do livro "Luiz Carlos Prestes" (Ed. Expressão Popular), de Anita Leocádia Prestes.
Na ocasião haverá um debate com a autora e o historiador Lincoln de Abreu Penna.
Vai ser no foyer do Teatro Casa Grande (Av. Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon, Rio - térreo do Shopping Leblon).
16 de novembro de 2012
Pela paz e pela solução política no Oriente Médio
Dado
o agravamento do conflito entre Israel e os palestinos da Faixa de
Gaza, o ICUF – Ídisher Cultur Farband, da Argentina, articulou a
divulgação de um comunicado, ao qual aderiram a ASA – Associação Scholem
Aleichem de Cultura e Recreação, do Rio de Janeiro, e a ACIZ –
Asociación Cultural Israelita Zhitlovsky, de Montevidéu:
El cruce de bombas de uno a otro lado en la frontera entre Gaza e Israel no presagia nada bueno.
Seguramente hay responsabilidad compartida entre los halcones de ambos
bandos, militaristas y fundamentalistas que creen que solamente con más
violencia, con más guerra se solucionará este cruel diferendo que separa
a los pueblos israelí y palestino.
¿Cuándo se logrará la paz?
Durante más de medio siglo se ha visto que la respuesta a esa pregunta
no es por medio de las armas, de las bombas, de las represalias, de las
expediciones punitivas, de los atentados.
La respuesta es que
exista voluntad política genuina de acercamiento y de alcanzar ese
objetivo. La salida es política, más política.
Mientras las
dirigencias políticas no asuman un compromiso verdadero de construir la
paz, seguirán estas escaladas bélicas y seguirá siendo la población
civil la que corra riesgos, la que pague las tremendas consecuencias en
muertes y destrucción.
Lo único revolucionario en Medio Oriente
es la paz, una paz que se asiente en el reconocimiento mutuo a la
existencia digna y en que cada uno de los pueblos merece vivir
dignamente, en su Estado, soberano, libre, autónomo y democrático.
ACIZ Uruguay (Comisión Directiva)
ICUF Argentina (Comisión Directiva)
Asa S. Aleichem, Brasil (Comisión Directiva)
¿Cuándo se logrará la paz?
Durante más de medio siglo se ha visto que la respuesta a esa pregunta no es por medio de las armas, de las bombas, de las represalias, de las expediciones punitivas, de los atentados.
La respuesta es que exista voluntad política genuina de acercamiento y de alcanzar ese objetivo. La salida es política, más política.
Mientras las dirigencias políticas no asuman un compromiso verdadero de construir la paz, seguirán estas escaladas bélicas y seguirá siendo la población civil la que corra riesgos, la que pague las tremendas consecuencias en muertes y destrucción.
Lo único revolucionario en Medio Oriente es la paz, una paz que se asiente en el reconocimiento mutuo a la existencia digna y en que cada uno de los pueblos merece vivir dignamente, en su Estado, soberano, libre, autónomo y democrático.
ACIZ Uruguay (Comisión Directiva)
ICUF Argentina (Comisión Directiva)
Asa S. Aleichem, Brasil (Comisión Directiva)
6 de novembro de 2012
Amanhã, quinta (8/11), às 18h30, homenagem a Moysés do Casa Grande na Alerj
Amanhã, quinta (8/11), às 18h30, no plenário da Assembléia Legislativa do estado (Alerj), sessão solene de homenagem a Moysés do Casa Grande.
Numa iniciativa da deputada estadual do PT-RJ, Inês Pandeló, ele vai receber o Título de Benemérito do estado do Rio de Janeiro.
Além de Moysés, também serão agraciados Geraldo Cândido, sindicalista e ex-senador, e Reimont Otoni, vereador do PT do Rio.
A Alerj fica na Rua Primeiro de Março, s/nº, Praça XV.
Veja o convite abaixo.
Um abraço e até lá
Kadu Machado
(21) 9212-3103
Numa iniciativa da deputada estadual do PT-RJ, Inês Pandeló, ele vai receber o Título de Benemérito do estado do Rio de Janeiro.
Além de Moysés, também serão agraciados Geraldo Cândido, sindicalista e ex-senador, e Reimont Otoni, vereador do PT do Rio.
A Alerj fica na Rua Primeiro de Março, s/nº, Praça XV.
Veja o convite abaixo.
Um abraço e até lá
Kadu Machado
(21) 9212-3103
30 de outubro de 2012
Nesta quinta, tem etílico-político-cultural no bar Arco Íris da Mem de Sá, Lapa
Apesar da véspera de feriadão, nesta quinta (1º/11), às 18h30, teremos o encontro etílico-político-cultural dos leitores, colaboradores e amigos do jornal Algo a Dizer, no bar Arco Íris, da Mem de Sá (quase esquina com Rua do Lavradio, Lapa, Rio).
Venha e traga amigos e familiares: você só paga o que consumir.
Agora, anotem na agenda: dia 8/11, quinta da semana que vem, homenagem a Moysés do Casa Grande, na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj): numa iniciativa da deputada estadual do PT-RJ, Inês Pandeló, ele vai receber o titulo de Benemérito do Estado do Rio de Janeiro.
Um forte abraço e até lá
Kadu Machado
(21) 9212-3103
Venha e traga amigos e familiares: você só paga o que consumir.
Agora, anotem na agenda: dia 8/11, quinta da semana que vem, homenagem a Moysés do Casa Grande, na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj): numa iniciativa da deputada estadual do PT-RJ, Inês Pandeló, ele vai receber o titulo de Benemérito do Estado do Rio de Janeiro.
Um forte abraço e até lá
Kadu Machado
(21) 9212-3103
23 de outubro de 2012
Já está no ar a edição de OUTUBRO do jornal Algo a Dizer
Já está disponível a edição de OUTUBRO do jornal de Cultura e Política Algo a Dizer, com o seguinte conteúdo:
1) Continua se ampliando a clareira nas flieiras dos combatentes pelo socialismo.
Primeiro, perdemos o sociólogo alemão Robert Kurz, em 18 de julho.
Depois, o ex-reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, em 23 do mesmo mês, e o
cientista político Carlos Nelson Coutinho, em 20 de setembro.
Agora, o grande historiador inglês Eric Hobsbawm, em 1º de outubro.
Para homenageá-lo republicamos uma sua entrevista, de janeiro de 2011,
ao deputado trabalhista na Câmara do Comuns Tristram Hunt, “uma conversa
sobre Marx, as revoltas estudantis, a nova esquerda e os Miliband”.
Ao final da entrevista, reproduz-se a nota de desagravo da diretoria da
Associação Nacional de História – ANPUH-Brasil – ao que disse do grande
Hobsbawm a “medíocre, pequena e mal intencionada” revista Veja: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=893;
2) Entrevista com o teólogo Leonardo Boff, sobre a Teologia da Libertação e seus desdobramentos hoje: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=895;
3) No centenário da Guerra do Contestado, republicamos uma entrevista
com o coordenador do curso de graduação em História da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), Paulo Pinheiro Machado, pesquisador do
tema: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=896;
4) Uma sucinta avaliação das eleições municipais cariocas e suas
consequências para o PT-RJ, no texto do Núcleo Celso Furtado, do PT do
Rio, assinado por Kadu Machado: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=897;
5) Sobre o tema da Ação Penal 470, conhecida como “mensalão”,
publicamos duas opiniões. A primeira, do mestre em filosofia, com
especialidade na área de Ética, Roberto Ponciano: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=898;
6) A segunda, do advogado e escritor Celso Gomes: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=899;
7) A análise crítica de como sair da crise econômica, por Adriano Benayon: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=900;
8) Adilson Luiz Gonçalves comenta o “Ideal olímpico”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=901;
9) Os caminhos e descaminhos da autoria em música, por Afonso Guerra-Baião: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=902;
10) Ângela Leite de Souza fala do escritor e educador mineiro Bartolomeu Campos Queirós, falecido em janeiro deste ano: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=903;
11) Resenha de Sérgio Batalha para o livro do advogado trabalhista
Celso Soares, “Direito do Trabalho – A Realidade das Relações Sociais”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=917;
12) Resenha de Ivan Alves Filho para o livro “Grande Sertão”, do cientista social alagoano Dirceu Lindoso: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=904;
13) “Sei lá!”, o lírico Cotidiano de Maria Balé: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=905;
14) Na crônica “A esfinge voraz”, Alexandre Brandão defende a democracia: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=906;
15) A alteridade na bela crônica de Cinthya Nunes “Vergonha própria”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=907;
16) A femme fatale atemporal da crônica de Denise Ribeiro: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=908;
17) As lições de uma visita ao Boat Show, em São Paulo, na crônica de Jorge Nagao: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=909;
18) Marilena Montanari defende a necessidade do retorno do savoir-faire no mundo moderno: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=910;
19) “A tatuagem”, crônica cheia de graça de Valéria Dantas: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=911;
20) Marcílio Godoi faz uma necessária apologia da preguiça no poema “Ócio à exaustão”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=912;
21) “Transfiguração”, mais um belo soneto da lavra de Luca Barbabianca: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=913;
22) O conto minimalista de Rodrigo Domit, “Criminoso”, do livro “Colcha de Retalhos”, disponível como e-book na internet: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=914;
23) O professor emérito e titular da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da USP Flávio Villaça faz uma análise critica do “Estatuto da
Cidade”: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=915;
24) Mais Hobsbawm: o doutor em História pela USP Raul Milliet Filho
comenta as análises do grande historiador britânico a respeito da paixão
do brasileiro, o futebol: http://www.algoadizer.com.br/edicoes/materia.php?MateriaID=916.
Boa leitura e um forte abraço
Kadu Machado
(21) 9212-3103
19 de outubro de 2012
12 de outubro de 2012
Transformar derrota em vitória
Transformar derrota em vitória
1 – A atuação do PT nas eleições da cidade do Rio de Janeiro foi um fiasco. A legenda conseguiu eleger um vereador e outros três cidadãos pegaram carona no partido. Companheiros comprovadamente petistas como Marcelo Sereno e Vinícius amargaram suplências.
2 – Não houve aliança e sim anexação do PT pelo PMDB. O PT abriu mão da disputa pela hegemonia e permitiu que o
1 – A atuação do PT nas eleições da cidade do Rio de Janeiro foi um fiasco. A legenda conseguiu eleger um vereador e outros três cidadãos pegaram carona no partido. Companheiros comprovadamente petistas como Marcelo Sereno e Vinícius amargaram suplências.
2 – Não houve aliança e sim anexação do PT pelo PMDB. O PT abriu mão da disputa pela hegemonia e permitiu que o
s
aliados alcançassem uma vitória que os faz virtualmente autônomos, sem
dever satisfação a ninguém. Quem achou este resultado bom, ou é ingênuo
ou mal intencionado.
3 – Um cheque em branco. Prossegue, agora sem nenhuma perturbação, a política de privatização e piora na educação, saúde e nas concessões de transportes (ônibus, barcas, metrô e trens), da dupla Paes e Cabral. Nós, petistas, perdemos as condições morais de pressionar os aliados pela solução dos problemas da população.
4 – Vai prosseguir a política de remoções. Este vem a ser outro ponto no qual a nossa pressão poderia esvaziar o bota-abaixo do prefeito. Nada disso vai acontecer. O compromisso do partido com os pobres, mais uma vez, foi desfeito.
5 – De partido a sublegenda. O PT alienou a sua autonomia, por inteiro, ao celebrar acordos como o ingresso do vereador Marcelo Arar na legenda. O partido sabe que a fidelidade deste político pertence ao prefeito e não ao partido.
6 – A vitória de Paes reforça o apoio à presidenta Dilma? Por quanto tempo e em que condições? A única garantia real de tal apoio consistiria numa forte presença do PT na vida política e social da cidade. Isso sim poderia impor limites à autonomia dos nossos aliados.
7 – Qual o ensinamento da candidatura Freixo? Existe um espaço a ser ocupado pela esquerda, desde que se construa o sistema de alianças, a consistência programática e a capacidade logística que o PSOL não logrou obter, apesar da votação expressiva que recebeu.
8 – Nossa derrota acontece num momento muito sério. Devemos apelar aos companheiros de boa-fé que apoiaram essa política de virtual destruição do partido e que agora começam se perguntar porque tudo deu errado. É preciso confiar na integridade da militância. A peneira da coerência vai demonstrar quem realmente é petista e quem está a serviço do PMDB em troca de benefícios pessoais.
9 – Nem tudo está perdido. O partido venceu Brasil afora e no interior do Rio. Em 2014, a candidatura própria poderá resgatar a iniciativa perdida. É hora de união em torno deste objetivo. Vamos mudar o Estado do Rio de Janeiro em benefício da maioria da população!
É hora de Lindbergh governador!
Kadu Machado, pelo Núcleo Celso Furtado, do PT-RJ
3 – Um cheque em branco. Prossegue, agora sem nenhuma perturbação, a política de privatização e piora na educação, saúde e nas concessões de transportes (ônibus, barcas, metrô e trens), da dupla Paes e Cabral. Nós, petistas, perdemos as condições morais de pressionar os aliados pela solução dos problemas da população.
4 – Vai prosseguir a política de remoções. Este vem a ser outro ponto no qual a nossa pressão poderia esvaziar o bota-abaixo do prefeito. Nada disso vai acontecer. O compromisso do partido com os pobres, mais uma vez, foi desfeito.
5 – De partido a sublegenda. O PT alienou a sua autonomia, por inteiro, ao celebrar acordos como o ingresso do vereador Marcelo Arar na legenda. O partido sabe que a fidelidade deste político pertence ao prefeito e não ao partido.
6 – A vitória de Paes reforça o apoio à presidenta Dilma? Por quanto tempo e em que condições? A única garantia real de tal apoio consistiria numa forte presença do PT na vida política e social da cidade. Isso sim poderia impor limites à autonomia dos nossos aliados.
7 – Qual o ensinamento da candidatura Freixo? Existe um espaço a ser ocupado pela esquerda, desde que se construa o sistema de alianças, a consistência programática e a capacidade logística que o PSOL não logrou obter, apesar da votação expressiva que recebeu.
8 – Nossa derrota acontece num momento muito sério. Devemos apelar aos companheiros de boa-fé que apoiaram essa política de virtual destruição do partido e que agora começam se perguntar porque tudo deu errado. É preciso confiar na integridade da militância. A peneira da coerência vai demonstrar quem realmente é petista e quem está a serviço do PMDB em troca de benefícios pessoais.
9 – Nem tudo está perdido. O partido venceu Brasil afora e no interior do Rio. Em 2014, a candidatura própria poderá resgatar a iniciativa perdida. É hora de união em torno deste objetivo. Vamos mudar o Estado do Rio de Janeiro em benefício da maioria da população!
É hora de Lindbergh governador!
Kadu Machado, pelo Núcleo Celso Furtado, do PT-RJ
30 de setembro de 2012
Entrevista: Khaled Fouad Allam
Síria e a
nova geopolítica do Oriente Médio
Por IHU On-Line
Khaled
Fouad Allam é sociólogo e político argelino, naturalizado italiano. Atualmente
leciona na Universidade de Trieste, na Itália. Confira a entrevista.
IHU On-Line
– Qual a origem do conflito político na Síria? Como descreve os confrontos que
ocorrem no país desde 2011, onde parte da população quer a queda do regime de
Assad e outros defendem sua continuação? Quais são as raízes históricas desse
conflito, que explodiu em 2011?
Khaled
Fouad Allam – Diferentemente de quanto aconteceu nos outros países árabes,
o conflito político que se desencadeou na Síria é o produto da “primavera
árabe”, mas é também o resultado de uma situação relativamente singular. O
regime alaouitaha, sempre visto
como um regime “laico”, no qual coexistem pacificamente as minorias
étnico-religiosas – curdos, armênios, drusos, sunitas, cristãos, xiitas – e os alaouiti representam uns 10% da
população. Mas, para manter certa coesão, o regime usou a violência política
como modalidade de estruturação do Estado. Nos momentos de crise o Estado usou
a violência para manter a própria legitimidade. O que ocorreu em 2011 em escala
nacional reforça quanto havia ocorrido em 1981 em escala local. A “primavera
árabe” desencadeou, pois, uma generalização do conflito sobre todo o território
nacional.
IHU
On-Line – Por que, diferentemente dos regimes da Tunísia e do Egito, o
regime ditatorial de Assad consegue resistir aos conflitos e se manter no
poder?
Khaled
Fouad Allam – Sobre as revoluções árabes, pode-se dizer que esta parte do
mundo sai de um ciclo histórico para entrar num outro que representa uma
incógnita. Mas há profundas diferenças entre as revoluções dos anos 1950 e 1960
no mundo árabe e as de hoje: o fim do nacionalismo árabe e o nascimento de um
novo fenômeno que chamamos “islamo-nacionalismo”, no qual as novas gerações
procuram resolver aquilo que para seus progenitores era um conflito, vale
dizer, a relação entre nacionalismo e islã. Isso explica em parte o crescimento
exponencial do fundamentalismo e o retorno do debate político sobre estado e a shari’a. Vão neste sentido os
hodiernos conflitos políticos e sociais na Tunísia e no Egito,
centrados na questão feminina na Tunísia
e no tratamento das minorias religiosas no Egito. Em ambos os países a norma islâmica discrimina entre homens
e mulheres e entre muçulmanos e não muçulmanos.
IHU On-Line
– Qual foi a influência da Primavera Árabe nos conflitos da Síria? Qual
foi a relevância social e política das manifestações e qual seu reflexo
atual?
Khaled Fouad Allam – Os regimes árabes são regimes autoritários que
podem se tornar despóticos. Em parte isso explica como a construção do
estado-nação no século XX se tenha desenvolvido num contexto de guerra fria, de
forte influência da União Soviética que apoiava os países não alinhados e na
qual grande parte da classe dirigente provinha das academias militares. Por
conseguinte, no decurso do século XX, o estado no mundo árabe se construiu
contra a própria sociedade, e as derivas autoritárias cancelaram frequentemente
os direitos humanos e todas as formas de liberdade pública. Isso explica também
como precisamente nos anos 1960 e 1970 se tenha desenvolvido a contestação
islamita em todos os países árabes, e como esta tenha sido reprimida pelos
mesmos regimes. A propósito, assinalo os estudos de Gilles Kepel e de Robert Mitchelise e o meu ensaio sobre
“O islã global”.
IHU
On-Line – Como compreender a permanência de um regime ditatorial em
pleno século XXI?
Khaled
Fouad Allam – Em quase todos os países árabes, e entre eles a Síria, os regimes políticos são de
tipo dinástico, e sua manutenção no tempo não se baseou sobre o princípio
democrático, mas sobre o autoritarismo.
IHU
On-Line – Por quais razões China e Rússia vetaram a resolução contra o
governo de Assad, no Conselho de Segurança da ONU? Como esses países se beneficiam
com o conflito armado?
Khaled
Fouad Allam – Em particular, a Rússia sempre tem sido um aliado estratégico
da Síria, tanto durante como após a guerra fria; o exército sírio foi formado
pelos russos. Do ponto de vista geopolítico, tanto a China como a Rússia
consideram a Síria o epicentro do Oriente Médio: quando se despreza
a Síria, se despreza toda a
região, com graves consequências sobre as minorias muçulmanas na Rússia e na
China. Para estes países, a Síria é uma importante cunha da geopolítica do
Oriente Médio.
IHU
On-Line – Qual é a participação da religião na política desenvolvida na
Síria? Ela interfere nas decisões políticas e nos rumos do país? A “guerra
civil” instalada no país tem um fundamento religioso?
Khaled
Fouad Allam – As relações entre religião e política na Síria se distinguem
daquelas dos outros países árabes, porque existe certa forma de laicismo. Mas
isso não significa que não se tenha desenvolvido o fundamentalismo islâmico. Já
no início dos anos 1980, na onda da revolução iraniana, houve importantes
manifestações de fundamentalistas islâmicos, que foram reprimidas pelo governo
da época.
IHU
On-Line – Como muçulmanos xiitas e sunitas se relacionam no país?
Khaled
Fouad Allam – Na realidade, as relações entre xiitas
e sunitas, tanto na Síria como alhures, sempre têm sido tensas; o conflito
na base do divórcio (fitna)
entre sunitas e xiitas jamais foi sanado. Isso não impede que, no plano
sociológico, existam lugares de convivência relativamente pacíficos que, no
entanto, podem explodir nos momentos de crise, como no atual.
IHU
On-Line – Qual é a relação entre muçulmanos e demais religiões presentes
na Síria? Há dialogo inter-religioso, especialmente com os cristãos?
Khaled
Fouad Allam – Desde sempre a Síria
é um exemplo de coexistência entre muçulmanos
e outras confissões. Mas as ideologias e os vários nacionalismos podem pôr em
crise a coexistência entre os grupos.
IHU
On-Line – Qual é a atual situação dos cristãos na Síria e como se
manifestam frente a permanência do regime de Assad? Há medo e risco de que,
caso haja abertura democrática, os cristãos sejam perseguidos?
Khaled
Fouad Allam – Na Síria, os cristãos
se sentem em perigo por causa da guerra civil em curso, e sua comunidade se
encontra ameaçada. Isso explica os temores manifestados pelas hierarquias
cristãs no país Síria diante da atual situação.
IHU
On-Line – Qual o significado da declaração de Assad, quando ele afirma
que está se formando um novo mapa geoestratégico que alinha a Síria, a Turquia,
o Irã, a Rússia juntando política, interesses e infraestrutura? O Oriente Médio
está se modificando?
Khaled
Fouad Allam – O mundo árabe está mudando totalmente, está entrando num novo
ciclo de sua história. A Síria representa
a pedra angular, enquanto há aí novos atores políticos, a Turquia e o Irã, países que veem nela o núcleo de
novas hegemonias regionais. E tudo isso está evoluindo ante a ausência da
Europa.
IHU
On-Line – Quais são os conflitos entre Israel e Síria?
Khaled
Fouad Allam – Além da questão do Golã,
é evidente que Israel está
perdendo sua “cintura de segurança”, que era formada pelo Egito, mas em parte também pela Síria. Isso torna muito mais complexa
a crise
síria, e haverá um notável impacto sobre todos os equilíbrios mundiais.
IHU
On-Line – Com quais países do Oriente Médio a Síria se relaciona e com
quais ela diverge?
Khaled
Fouad Allam – A Síria, que era um país importante dentro da Liga árabe e da Organização da Conferência islâmica,
encontra-se hoje isolada. Todavia, este isolamento é coberto e culminado pela Rússia e pela China.
IHU
On-Line – Como foi o encontro que discutiu a questão política e
religiosa da Síria, organizado pela Associação Sírios Livres na Itália? Quais
os principais apontamentos do jesuíta Paolo Dall'Oglio?
Khaled
Fouad Allam – O Pe. Dall’Oglio testemunhou a
situação na Síria vista a partir de seu mosteiro, uma experiência bela, mas
também dramática. Durante um encontro, do qual participei junto ao padre Dall'Oglio e a Massimo Cacciari, os sírios, além
de suas diversidades étnicas e religiosas, manifestaram um desejo de unidade –
e era recorrente o lema “o povo sírio é uno e único”. Mas tudo isto é
construído politicamente.
Retirado do site
IHU On-Line.
IHU
On-Line é uma revista da internet
Entrevista: Carlos Nelson Coutinho
Sem
democracia não há socialismo, e sem socialismo não há democracia
Por Hamilton
Octávio de Souza, Marcelo Salles, Renato Pompeu e Tatiana Merlino
Carlos Nelson Coutinho, um dos intelectuais
marxistas mais respeitados do Brasil, recebeu a Caros Amigos em seu apartamento
no bairro do Cosme Velho, Rio de Janeiro, para uma conversa sobre os caminhos e
descaminhos da esquerda brasileira, sua decepção com o governo Lula e as
possibilidades de superação do capitalismo.
Estudioso de Antonio Gramsci, Coutinho
defende a atualidade de Marx e reafirma o que disse em seu polêmico artigo
“Democracia como valor universal”, publicado há 30 anos: “Sem democracia não há
socialismo, e sem socialismo não há democracia”.
CNC faleceu na madrugada do dia 20/9/2012,
vítima de câncer. Essa entrevista foi publicada na edição 153 da revista, que
circulou a partir de dezembro de 2009 — confira as edições anteriores na loja Caros Amigos
Hamilton
Octávio de Souza — Queremos saber da
sua história, onde nasceu, onde foi criado, como optou por esta carreira..
Caros
Nelson Coutinho — Nasci na Bahia, em uma cidade do interior chamada
Itabuna, mas fui para Salvador muito pequenininho, com uns 3 ou 4 anos. Me
formei em Salvador, e as opções que eu fiz, fiz em Salvador. Eu nasci em 1943,
glorioso ano da batalha de Stalingrado. Me formei em filosofia na Universidade
Federal da Bahia, um péssimo curso, e com meus 18 ou 19 anos sabia mais do que
a maioria dos professores. Meus pais eram baianos também. Meu pai era advogado
e foi deputado estadual durante três legislaturas da UDN. Publicamente ele não
era de esquerda, mas dentro de casa ele tinha uma posição mais aberta. Eu me
tornei comunista lendo o Manifesto Comunista que o meu pai tinha na biblioteca.
Ele era um homem culto, tinha livros de poesia. Minha irmã, que é mais velha,
disse que eu precisava ler o Manifesto Comunista. Foi um deslumbramento. Eu
devia ter uns 13 ou 14 anos. Aí fiz faculdade de Direito por dois ano porque
era a faculdade onde se fazia política, e eu estava interessado em fazer
política. Me dei conta que uma maneira boa de fazer política era me tornando
intelectual. Aos 17 anos entrei no Partido Comunista Brasileiro, que naquela
época tinha presença. O primeiro ano da faculdade foi até interessante porque
tinha teoria geral do Estado, economia política, mas quando entrou o negócio de
direito penal, direito civil, aí eu vi que não era a minha e fui fazer
filosofia.
Renato
Pompeu — Mas quais eram as suas
referências intelectuais?
CNC — Em primeiro lugar, Marx,
evidentemente, mas também foram muito fortes na minha formação intelectual o
filósofo húngaro George Lukács e Gramsci. Eu tenho a vaidade de ter sido um dos
primeiros a citar Gramsci no Brasil, porque aos 18 anos eu publiquei um artigo
sobre ele na revista da faculdade de Direito. Aí eu vim para o Rio e fui
trabalhar no Tribunal de Contas. Me apresentei ao João Vieira Filho para
trabalhar e ele me falou: “meu filho, vá pra casa e o que você precisar de mim
me telefone”. Eu fiquei dois ou três anos aqui sem trabalhar, mas a situação
ficou inviável. Pedi demissão e fui, durante um bom tempo, tradutor. Eu ganhava
a vida como tradutor, traduzi cerca de 80 ou 90 livros. Em 76, eu fui para a
Europa. Passei 3 anos fora, não fui preso, mas senti que ia ser, foi pouco
depois da morte do Vlado. Então morei na Europa por três anos, onde acho que
aprendi muita política. Morei na Itália na época do florescimento do
eurocomunismo, que me marcou muito. O primeiro texto que publiquei é exatamente
este artigo da “Democracia como valor universal” que causou, sem modéstia, um
certo auê na esquerda brasileira na época. Até hoje há citações de que é um
texto reformista, revisionista. Enfim, voltei do exílio e entrei na
universidade, na UFRJ, onde eu estou há quase 28 anos. Passei por três partidos
políticos na vida. Entrei no PCB, como disse antes, aos 17 anos, onde fiquei
até 1982, quando me dei conta que era uma forma política que tinha se esgotado.
Nesse momento, surge evidentemente uma coisa que o PC não esperava e não
queria, que é um partido realmente operário, no sentido de ter uma base operária.
O mal-estar do PCB contra o PT no primeiro momento foi enorme. Eu saí do PCB,
mas não entrei logo no PT. Só entrei no PT no final da década de 80, entrei
junto com o [Milton] Temer e o Leandro Konder. Fizemos uma longa discussão para
ver se entrávamos ou não, e ficamos no PT até o governo Lula, quando nos demos
conta que o PT não era mais o PT. Saí e fui um dos fundadores do PSOL, que
ainda é um partido em formação. Ele surge num momento bem diferente do momento
de formação do PT, de ascensão do movimento social articulado com a ascensão do
movimento operário. E o PSOL surge exatamente em um momento de refluxo. Nessa
medida, ele é ainda um partido pequeno, cheio de correntes. Eu sou
independente, não tenho corrente. Podemos dizer o seguinte: eu tinha um
casamento monogâmico com o PCB, com o PT já me permitia traições e no PSOL é
uma amizade colorida.
Tatiana
Merlino — Em uma entrevista recente
o senhor falou sobre o avanço e o triunfo da pequena política sobre a grande
política dentro do governo Lula. Você pode falar um pouco sobre isso?
CNC — Gramsci faz uma distinção entre o
que chama de grande política e pequena política. A grande política toma em
questão as estruturas sociais, ou para modificá-las, ou para conservá-las. A
pequena política de Gramsci é a política da intriga, do corredor, a intriga
parlamentar, não coloca em discussão as grandes questões. Durante algum tempo,
o Brasil passou por uma fase de grande política. Se a gente lembrar, por
exemplo, a campanha presidencial de 89, sobretudo o segundo turno, tinha duas
alternativas claras de sociedade. Não sei se, caso o PT ganhasse, ia cumpri-la,
mas, do ponto de vista do discurso, tinha uma alternativa democrático-popular e
uma alternativa claramente neoliberal. Até certo momento, no Brasil, nós
tivemos uma disputa que Gramsci chamaria de grande política. A partir, porém,
sobretudo, da vitória eleitoral de Lula, eu acho que a redução da arena
política acaba na pequena política, ou seja, que no fundo não põe em discussão
nada estrutural. Eu diria que é a política tipo americana. Obviamente o Obama
não é o Bush, mas ninguém tem ilusão de que o Obama vai mudar as estruturas
capitalistas dos Estados Unidos, ou propor uma alternativa global de sociedade.
Então, o que está acontecendo no Brasil é um pouco isso, dando Dilma ou dando
Serra não vai mudar muita coisa não. Até às vezes desconfio que o Serra pode
fazer uma política menos conservadora, mas depois vão me acusar de ter aderido
a ele. Eu até faço uma brincadeira, dizendo que a política brasileira
“americanalhou”, virou essa coisa... Então, neste sentido eu entrei no PSOL até
com essa ideia de criar uma proposta realmente alternativa. Infelizmente o PSOL
não tem força suficiente para fazer essa proposta chegar ao grande público, mas
é uma tentativa modesta de ir contra a pequena política.
Renato
Pompeu — Você não acha que esse
americanalhamento aconteceu na própria pátria do Gramsci?
CNC — Ah, sem dúvida. A predominância
da pequena política é uma tendência mundial. Me lembro que logo depois da abertura
eu escrevi uns dois ou três artigos em que dizia que o Brasil se tornou uma
sociedade complexa. O Gramsci a chamaria de ocidental, que é uma sociedade
civil desenvolvida, forte e tal. Mas há dois modelos de sociedade ocidental -
um modelo que eu chamava de americano, que é este onde há sindicalismo, mas o
sindicalismo não se põe nas estruturas, há um bipartidarismo, mas os partidos
são muito parecidos, e o que eu chamava de modelo europeu, onde há disputa de
hegemonia. Ou seja, se alguém votava no partido comunista na Itália, sabia que
estava votando em uma proposta de outra ordem social. Se alguém votava no
Labour Party na Inglaterra durante um bom tempo, pelo menos o programa deles
era socialista, de socialização dos meios de produção. E quem votava no partido
conservador queria conservar a ordem. O Brasil tinha como alternativa escolher
um ou outro modelo. Por exemplo, havia partidos que são do tipo americano, como
o PMDB, mas havia partidos que são do tipo europeu, como o PT. Havia um
sindicalismo de resultado e um sindicalismo combativo (CUT, por exemplo), mas
tudo isso era naquela época. Depois a hegemonia neoliberal, em grande parte,
americanalhou a política mundial. A Europa hoje é exatamente isso, são partidos
que diferem muito pouco entre si. Há um “americanalhamento”. É um fenômeno
universal e é uma prova da hegemonia forte do neoliberalismo.
Tatiana
Merlino — Então o avanço da pequena
sobre a grande política está sendo mundial?
CNC — É um fenômeno mundial, não é um
fenômeno brasileiro. Mas veja só, começam a surgir na América Latina formas que
tentam romper com este modelo da pequena política. Estou falando claramente de
Chávez, Evo Morales e Rafael Correa, ainda que eu não seja um chavista, até
porque eu acho que o modelo que o Chávez tenta aplicar na Venezuela não é
válido para o Brasil, que é uma sociedade mais complexa, mais articulada. Mas
certamente é uma proposta que rompe com a pequena política. Quando o Chávez
fala em socialismo, ele recoloca na ordem do dia, na agenda política, uma questão
de estrutura.
Tatiana
Merlino — Então é um socialismo
novo, do século 21.
CNC — Que socialismo é esse?
Eu não
sei, aí tem que perguntar para o Chávez. Olha, eu não gosto dessa expressão
“socialismo do século 21”, eu diria “socialismo no século 21”.
Renato
Pompeu — E como seria o socialismo
no século 21?
CNC — Socialismo não é um ideal ético
ao qual tendemos para melhorar a ordem vigente. O socialismo é uma proposta de
um novo modo de produção, de uma nova forma de sociabilidade, e nesse sentido
eu acho que o socialismo é, mesmo no século 21, uma proposta de superar o
capitalismo. Novidades surgiram, por exemplo: quem leu o Manifesto Comunista,
como eu, vê que Marx e Engels acertaram em cheio na caracterização do
capitalismo. A ideia da globalização capitalista está lá no Manifesto
Comunista, o capitalismo cria um mercado mundial, expande e vive através de
crises. Essa ideia de que a crise é constitutiva do capitalismo está lá em
Marx. Mas há um ponto que nós precisamos rever em Marx, e rever certas afirmações,
que é o seguinte: Quem é o sujeito revolucionário? Nós imaginamos construir
uma nova ordem social. Naturalmente, para ser construída, tem que ter um
sujeito. Para Marx, era a classe operária industrial fabril, e ele supunha,
inclusive, que ela se tornaria maioria da sociedade. Acho que isso não
aconteceu. O assalariamento se generalizou, hoje praticamente todas as
profissões são submetidas à lei do assalariamento, mas não se configurou a
criação de uma classe operária majoritária. Pelo contrário, a classe operária
tem até diminuído. Então, eu diria que este é um grande desafio dos socialistas
hoje. Hoje em dia tem aquele sujeito que trabalha no seu gabinete em casa
gerando mais-valia para alguma empresa, tem o operário que continua na linha de
montagem... Será que este cara que trabalha no computador em casa se sente
solidário com o operário que trabalha na linha de montagem? Você vê que é um
grande desafio. Como congregar todos estes segmentos do mundo do trabalho
permitindo que eles construam uma consciência mais ou menos unificada de classe
e, portanto, se ponham como uma alternativa real à ordem do capital?
Renato
Pompeu — Aí tem o problema dos
excluídos...
CNC — Eu tenho sempre dito que as
condições objetivas do socialismo nunca estiveram tão presentes. Prestem
atenção, o Marx, no livro 3 do “Capital”, diz o seguinte: O comunismo implica
na ampliação do reino da liberdade e o reino da liberdade é aquele que se situa
para além da esfera do trabalho, é o reino do trabalho necessário, é o reino
onde os homens explicitarão suas potencialidades, é o reino da práxis criadora.
Até meio romanticamente ele chega a dizer no livro “A Ideologia Alemã” que o
socialismo é o lugar onde o homem de manhã caça, de tarde pesca e de noite faz
crítica literária, está liberto da escravidão da divisão do trabalho. E ele diz
que isso só pode ser obtido com a redução da jornada de trabalho. O capitalismo
desenvolveu suas forças produtivas a tal ponto que isso se tornou uma
possibilidade, a redução da jornada de trabalho, o que eliminaria o problema do
desemprego. O cara trabalharia 4 horas por dia, teria emprego para todos os
outros. E por que isso não acontece? Porque as relações sociais de produção
capitalista não estão interessadas nisso, não estão interessadas em manter o
trabalhador com o mesmo salário e uma jornada de trabalho muito menor. Então,
eu acho que as condições para que a jornada de trabalho se reduza e, portanto,
se crie espaços de liberdade para a ação, para a práxis criadora dos homens,
são um fenômeno objetivo real hoje no capitalismo. Mas as condições subjetivas
são muito desfavoráveis. A morfologia do mundo do trabalho se modificou muito.
Muita gente vive do trabalho com condições muito diferenciadas, o que dificulta
a percepção de que eles são membros de uma mesma classe social. Então, esse é
um desafio que o socialismo no século 21 deve enfrentar. Um desafio também
fundamental é repensar a questão da democracia no socialismo. Eu diria que, em
grande parte, o mal chamado “socialismo real” fracassou porque não deu uma
resposta adequada à questão da democracia. Eu acho que socialismo não é só
socialização dos meios de produção – nos países do socialismo real, na verdade,
foi estatização – mas é também socialização do poder político. E nós sabemos
que o que aconteceu ali foi uma monopolização do poder político, uma
burocratização partidária que levou a um ressecamento da democracia. A meu ver,
aquilo foi uma transição bloqueada. Eu acho que os países socialistas não
realizaram o comunismo, não realizaram sequer o socialismo e temos que repensar
também a relação entre socialismo e democracia. Meu texto, “Democracia como
valor universal”, não é um abandono do socialismo. Era apenas uma maneira de
repensar o vínculo entre socialismo e democracia. Era um artigo ao mesmo tempo
contra a ditadura que ainda existia e contra uma visão “marxista-leninista”, o
pseudônimo do stalinismo, que o partido ainda tinha da democracia. Acho que
este foi o limite central da renovação do partido.
Marcelo
Salles — E nesse “Democracia como
valor universal”, você disse recentemente que defende uma coisa que não foi
muito bem entendida: socialismo como condição da plena realização da
democracia...
CNC — Uma alteração que eu faria no
velho artigo era colocar não democracia como valor universal, mas
democratização como valor universal. Para mim a democracia é um processo, ela
não se identifica com as formas institucionais que ela assume em determinados
contextos históricos. A democratização é o processo de crescente socialização
da política com maior participação na política, e, sobretudo, a socialização do
poder político. Então, eu acredito que a plena socialização do poder político,
ou seja, da democracia, só pode ocorrer no socialismo, porque numa sociedade
capitalista sempre há déficit de cidadania. Em uma sociedade de classes, por
mais que sejam universalizados os direitos, o exercício deles é limitado pela
condição classista das pessoas. Neste sentido, para a plena realização da
democracia, o autogoverno da sociedade só pode ser realizado no socialismo.
Então, eu diria que sem democracia não há socialismo, e sem socialismo não há
democracia. Acho que as duas coisas devem ser sublinhadas com igual ênfase.
Hamilton
Octávio de Souza — Nós saímos de um
período de 21 anos de ditadura militar, essa chamada democracia que nós
vivemos, qual é o limite? O que impende o avanço mesmo que não se construa uma
nova sociedade?
CNC — Eu acho que temos uma tendência,
que me parece equivocada, de tratar os 21 anos da ditadura como se não houvesse
diferenças de etapas. Eu acho – e quem viveu lembra – que, de 64 ao AI-5, era
ditadura, era indiscutível, mas ainda havia uma série de possibilidades de
luta. Do AI-5 até o final do governo Geisel, foi um período abertamente
ditatorial. No governo Figueiredo, há um processo de abertura, um processo de
democratização que vai muito além do projeto de abertura da ditadura. Tem um
momento que os intelectuais mais orgânicos da ditadura, como o Golbery, por
exemplo, percebem que “ou abre ou pipoca”. O projeto de abertura foi então
atravessado pelo que eu chamo de processo de abertura da sociedade real. Eu não
concordo com o Florestan Fernandes quando ele chama a transição de
conservadora. Eu acho que ocorreu ali a interferência de dois processos: um
pelo alto, porque é tradicional na história brasileira as transformações serem
feitas pelo alto, o que resultou na eleição de Tancredo. Mas também houve a
pressão de baixo. A luta pelas “Diretas” foi uma coisa fundamental, também
condicionou o que veio depois. Esta contradição se expressa muito claramente na
Constituição de 88, que tem partes extremamente avançadas. Todo o capítulo
social é extremamente avançado, embora a ordem econômica tenha sido mais ou
menos mantida. Mas a Constituição é tanto uma contradição que o que nós vimos
foi a ação dos políticos neoliberais, dos governos neoliberais de tentar
mudá-la, de extirpar dela aquelas conquistas que nós podemos chamar de
democráticas. Eu acho que o Brasil hoje é uma sociedade liberal-democrática no
sentido de que tem instituições, voto, partidos e tal. Mas, evidentemente, é
uma democracia limitada, sobretudo no sentido substantivo. A desigualdade
permanece.
Hamilton
Octávio de Souza — Mas hoje o que
está mais estrangulado para o avanço na democracia ainda no marco de uma
sociedade capitalista?
CNC — Eu acho que a ditadura reprimiu a
esquerda, nos torturou, assassinou muitos de nós, nos obrigou ao exílio, mas
não nos desmoralizou. Eu acho que a chegada do Lula ao governo foi muito nociva
para a esquerda. Ninguém esperava que o governo Lula fosse empreender por
decreto o socialismo, mas pelo menos um reformismo forte, né? Eu acho que a
decepção que isso provocou, mais toda a história do mensalão e tal, é um dos
fatores que limitam o processo de aprofundamento da democracia no Brasil. Entre
outras coisas porque o governo Lula, que é um governo de centro, cooptou os
movimentos sociais. Temos a honrosa exceção do MST que não é assim tão exceção
porque eles são obrigados... tem cesta básica nos assentamentos e tal, eles são
obrigados também a fazer algumas concessões, mas a CUT... Qual a diferença da
CUT e da Força Sindical? Eu acho que essa transformação da política brasileira
em pequena política, que se materializou com o governo Lula, que não é
diferente do governo Fernando Henrique, foi o fator que bloqueou o avanço
democrático. Até 2002, havia um acúmulo de forças da sociedade brasileira que
apontava para o aprofundamento da democratização, e o sujeito deste processo
era o PT, o movimento social. Na medida em que isso se frustrou, eu acho que
houve um bloqueio no avanço democrático na época. O neoliberalismo enraizou-se
muito mais fortemente na Argentina do que no Brasil porque aqui havia uma
resistência do PT e dos movimentos sociais. Com a chegada ao governo, essa
resistência desapareceu. Então, de certo modo, é mais fácil a classe dominante
hoje fazer passar sua política em um governo petista do que em um governo onde
o PT era oposição.
Tatiana
Merlino — Então a conjuntura seria
um pouco menos adversa se estivesse o José Serra no poder e o PT como oposição?
CNC — Eu não gostaria de dizer isso,
mas eu acho que sim. Mas isso coloca uma questão: e se demorasse mais quatro
anos para o PT chegar ao governo, ia modificar estruturalmente o que aconteceu
com o PT? Até um certo momento, é clara no partido uma concepção socialista da
política. A partir de um certo momento, porém, antes de Lula ir ao governo,
o PT abandonou posturas mais combativas. Ele fez isso para chegar ao
governo. Mas se demorasse mais quatro anos, ou oito anos, não aconteceria o
mesmo? Não sei. Não quero ser pessimista também, não era fatal o que aconteceu
com o PT.
Renato
Pompeu — Você é professor de qual
disciplina?
CNC — De teoria política.
Renato
Pompeu — Você é um cientista
político ou um filósofo da política?
CNC — Não, não. Filósofo tudo bem, mas
cientista político não. Porque ciência política para mim é aquela coisa que os
americanos fazem, ou seja, pesquisa de opinião, sistema partidário, a ciência
política é a teoria da pequena política. Eu sou professor da escola de Serviço
Social.
Hamilton
Octávio de Souza — Que projeto que
você identifica hoje no panorama brasileiro: a burguesia nacional tem um
projeto? As correntes de esquerda têm um projeto? Existe um projeto de nação
hoje?
CNC — Isso é um conceito interessante,
porque este é um conceito criado em grande parte pela Internacional Comunista e
pelo PCB, de que haveria uma burguesia nacional oposta ao imperialismo. Eu me
lembro quando eu entrei no partido, eu era meio esquerdista e vivia perguntando
ao secretário-geral do partido na Bahia: Quem são os membros da burguesia
nacional? E um dia ele me respondeu: “José Ermírio de Moraes e Fernando
Gasparian”. Olha, duas pessoas não fazem uma classe. Do ponto de vista nosso,
da esquerda, uma das razões da crise do socialismo, das dificuldades que vive o
socialismo hoje, é a falta de um projeto. A social-democracia já abandonou o
socialismo há muito tempo, e nos partidos de esquerda antagonistas ao
capitalismo há uma dificuldade de formulação de um projeto exequível de socialismo.
Na maioria dos casos, estes partidos defendem a permanência do Estado do
bem-estar social que está sendo desconstruído pelo liberalismo. É uma
estratégia defensivista. Essa é outra condição subjetiva que falta, a
formulação clara de um projeto socialista. Do ponto de vista das classes
dominantes, eu acho que eles têm um projeto que estava claro até o momento da
crise do neoliberalismo. Foi o que marcou o governo Collor e o governo Fernando
Henrique e o que está marcando também o governo Lula, com variações.
Evidentemente, há diferenças, embora a meu ver, não estruturais. Esse é o
projeto da burguesia. Com a crise, eu acho que algumas coisas foram alteradas,
então, uma certa dose de keynesianismo se tornou inevitável, mas sempre em
favor do capital e nunca em favor da classe trabalhadora. Tenho um amigo que
diz. “Estado mínimo para os trabalhadores e máximo para o capital”. No fundo, é
essa a proposta do neoliberalismo: desconstrução de direitos, concessão total
de todas as relações sociais ao mercado, subordinação do público ao privado, ao
capital internacional. Não há burguesia anti-imperialista no Brasil,
definitivamente. Pode haver um burguês que briga com o seu concorrente e o seu
concorrente é um estrangeiro, mas nem assim ele vai ser anti-imperialista.
Hamilton
Octávio de Souza — Você vê alguma
alteração a curto prazo?
CNC — O que poderia mudar isso seria um
fortalecimento dos movimentos sociais, da sociedade civil organizada sob a
hegemonia da esquerda. E pressionar para que reformas fossem feitas e se
retomasse uma política econômica mais voltada para as classes populares. Tem um
mote de Gramsci que eu acho muito válido, que é: “pessimismo da inteligência e
otimismo da vontade”. A esquerda não pode ser otimista numa análise do que está
acontecendo no mundo porque a esquerda tem perdido sucessivas batalhas. Então
ser otimista frente a um quadro desses é difícil. Quanto mais nós somos
pessimistas, mais otimismo da vontade temos de ter, mais a gente deve ter
clareza que só atuando, só dedicando todo o nosso empenho à mudança disso é que
essa coisa pode ser mudada. Então, a esperança de mudança seguramente há, há
potencialidades escondidas na atual sociedade que permitem ver e pensar a
superação do capitalismo. O capital não pode perdurar. A alternativa ao
socialismo, como dizia a Rosa Luxemburgo, é a barbárie. Se o capitalismo
continuar, teremos cada vez mais uma barbarização da sociedade que nós já
estamos assistindo.
Hamilton
Octávio de Souza — Por conta do
neoliberalismo, tivemos um aumento do desemprego estrutural, a informalidade do
trabalho, o desrespeito à legislação trabalhista, estamos numa condição de
perdas de conquistas, direitos. Como é que se explica a fraqueza do movimento
social diante disso?
CNC — A certeza que nós temos de que o
capitalismo não vai resolver os problemas nem do mundo nem do Brasil nos faz
acreditar que, primeiro, a história não acabou, e, portanto, ela está se
movendo no sentido de contestar a independência barbarizante do capital. Onde
eu vejo focos, no Brasil de hoje, é no MST. Uma coisa que funciona muito bem no
MST é a preocupação deles com a formação dos quadros. Eu fui de um partido, o
PCB, que tinha curso, mas as pessoas iam para Moscou, faziam a escola do partido.
O PT nunca se preocupou com formação de quadros, não tinham escolas, e o MST
tem. Eu acho que o MST tem uma ambiguidade de fundo que é complicada. Ele é um
movimento social e, como todo movimento social, ele é particularista, defende o
interesse dos trabalhadores que querem terra. Essa não pode ser uma demanda
generalizada da sociedade. Eu não quero um pequeno pedaço de terra, nem você. O
partido político é quem universaliza as demandas, formula uma proposta de
sociedade que engloba as demandas dos camponeses, proletários, das mulheres...
O MST tem uma ambiguidade porque ele é um movimento que frequentemente atua
como partido. Eu acho que isso às vezes limita a ação do MST.
Marcelo
Salles — O termo “Ditadura do
Proletariado” que vez ou outra algum liberal usa...
CNC — Na época de Marx, ditadura não
tinha o sentido de despotismo que passou a ter depois. Ditadura é um instituto
do direito romano clássico que estabelecia que, quando havia uma crise social,
o Senado nomeava um ditador, que era um sujeito que tinha poderes ilimitados
durante um curto período de tempo. Resolvida a crise social, voltava a forma
não ditatorial de governo. Então, quando o Marx fala isso, ele insiste muito
que é um período transitório: a ditadura vai levar ao comunismo, que para ele é
uma sociedade sem Estado. Ele se refere a um regime que tem parlamento, que o
parlamento é periodicamente reeleito, e que há a revogabilidade de mandato.
Então, essa expressão foi muito utilizada impropriamente tanto por marxistas
quanto por antimarxistas. Apesar de que em Lênin eu acho que a ditadura do
proletariado assume alguns traços meio preocupantes. Em uma polêmica com o
Kautsky, ele diz: ditadura é o regime acima de qualquer lei. Lênin não era
Stálin, mas uma afirmação desta abriu caminho para que Stálin exercesse o poder
autocrático, fora de qualquer regra do jogo, acima da lei. Tinha lei, tinha uma
Constituição que era extremamente democrática, só que não valia nada.
Marcelo
Salles — Estão sempre dizendo que
não teria liberdade de expressão no socialismo, porque o Estado seria muito
forte, e teria o partido único...
CNC — Em primeiro lugar, não é
necessário que no socialismo haja partido único, e não é desejável, até porque,
poucas pessoas sabem, mas no início da revolução bolchevique o primeiro governo
era bipartidário. Era o partido bolchevique e o partido social-revolucionário
de esquerda. Depois, eles brigaram e ficou um partido só. Mas não é necessário
que haja monopartidarismo. Segundo, Rosa Luxemburgo – marxista, comunista, que
apoiou a revolução bolchevique – dizia o seguinte: liberdade de pensamento é a
liberdade de quem pensa diferente de nós. Então, não há na tradição marxista a
ideia de que não haja liberdade de expressão, mas uma coisa é liberdade de
expressão e outra coisa é o monopólio da expressão. Liberdade de expressão sim,
contanto que não seja uma falsa liberdade de expressão. Eu acho que o
socialismo é condição de uma assertiva liberdade de expressão.
Retirado do site
Caros Amigos.
Hamilton
Octávio de Souza, Marcelo Salles, Renato Pompeu e Tatiana Merlino são
jornalistas
Assinar:
Postagens (Atom)