6 de abril de 2016

A ameaça conservadora


Por Marcelo Barbosa

Termos equiparados no senso comum contemporâneo, conservadorismo e reacionarismo apresentam, no entanto, trajetórias distintas na história das ideias. A ideologia conservadora, em especial, é detentora de um debate interno muito rico.

Dentre muitas dinâmicas, diversos “tipos ideais”, abrangidos pelo termo conservadorismo – possivelmente o mais compatível com as expectativas das elites – seja o do exercício do poder, em particular o de natureza política, como “cimento” da sociedade, instância de controle sem o qual a anarquia se instala, corroendo toda a estrutura da “nação”. Em busca da evolutio dentro da ordem, o conservador pretende a manutenção das regras do sistema político. Isso acima de quaisquer outras considerações. Um método no qual a mudança não se encontra, a priori, excluída, até porque – seguindo a receita aviada pelo grande teórico do conservadorismo no século XVIII, Edmund Burke – “um Estado onde não se pode mudar nada não tem meios de se conservar”. Curiosamente, a frase do político irlandês poderia ter sido pronunciada noutro contexto geográfico, o da Itália do Risorgimento magnificamente recriada por Visconti, em O Leopardo (a partir de um romance de Lampedusa). No filme, o personagem principal, o Príncipe de Salina, profere a célebre sentença: “é preciso que as coisas mudem para que permaneçam como estão”.

Conferindo estabilidade – quando não imobilidade – à formação social brasileira nos últimos duzentos anos, a prática e o discurso conservadores capacitaram as elites do país a lidar com os conflitos políticos por meio do esvaziamento do potencial de ruptura das crises, pela indução de soluções de compromisso. Os exemplos falam por si: da Independência à Revolução de 1930, passando pela Abolição da Escravatura, todas as mudanças aconteceram por assim dizer, pelo alto. De mesma maneira, os processos de industrialização e urbanização acelerada das últimas décadas do século XX tornaram-se realidade sem alterações dos perfis de distribuição de renda. Mesmo a eleição e o prosseguimento de governos encabeçados por um partido manifestamente de esquerda só foram possíveis por meio de concessões – e aqui não se discute se justificadas ou não – ajustadas na chamada Carta aos brasileiros. Pelo que se pode pensar, nada obstante as atualizações, o eco das ideias articuladas por Varnhagen e outros precursores, continua ouvido no Brasil de hoje.

Comumente associado à esfera da política, o conservadorismo fornece, no entanto, no plano da cultura, a sua melhor chave de compreensão. Ou seja, aparentemente simples, a execução da proposta conservadora demanda o manejo de uma sofisticada rede de produção simbólica, organismo responsável por gerar e reproduzir valores culturais de afirmação do estabelecido, em níveis que se articulam o Estado, a igreja, a escola, a economia, as artes, os esportes, entre outros nexos. Um procedimento no qual não basta produzir o veto às concepções de mundo ditas progressistas, ou ainda o repúdio às expectativas de avanço da sociedade, como na cartilha do reacionarismo. A alternativa metodológica de pensadores como Varnhagen e seus seguidores supõe uma outra atitude: a da arbitragem entre os níveis de mudança e de continuidade a ser administrados nos variados compartimentos da vida pública e privada brasileira, sempre em benefício da manutenção do status quo em vigência a cada momento. Pouco marcado pela busca por coerência, esse tipo de pensamento venceu as barreiras do tempo, especialmente por sua conformidade ante às expectativas dos segmentos situados no topo da pirâmide social.

Frequentemente confundidos no Brasil, reacionarismo e conservadorismo têm em comum apenas a oposição à idéia do progresso social. De resto, exibem programa político e base social inteiramente distintos. Em comportamento algo diverso do restante da América Latina, o liberalismo brasileiro tende à reação. Da velha UDN à atual coalizão PSDB-DEM, sempre expressou – com a nitidez possível dentro de um sistema eleitoral hostil ao alinhamento ideológico – os interesses do capital associado (industrial e bancário), da grande empresa rural e das camadas médias urbanas. Com essas características genéticas, os liberais brasileiros, pouca dificuldade encontraram para operar a transição do alinhamento ao “Ocidente Cristão” – durante o período da guerra-fria – ao apoio ao Consenso de Washington.

Já o conservadorismo, nos coloca na presença de um estamento patrimonialista, em boa medida composto por elites em decadência, cujo poderio não pode se reproduzir na presença do Estado Mínimo preconizado pelos neoliberais. Para esses estratos, fortemente representados no PMDB, que alinham desde o latifúndio clássico (pré-agronegócio) até os representantes de aparatos clientelistas urbanos, a máquina pública não existe para servir de mera repassadora de interesses privados das parcelas mais dinâmicas do capitalismo. O Estado configura o próprio negócio. A raiz da dominação desses setores radica no controle dos mecanismos formais da democracia representativa cuja sinergia mais perfeita – mas nem de longe a única – transparece no relacionamento entre a produção, em série, das chamadas emendas de orçamento, no Congresso, e as expectativas das grandes empreiteiras. Grupo social em declínio, a velha elite precisa se fazer representar nos governos. Sempre. Entrando e saindo de quaisquer governos.

Diante da polarização direita x esquerda em curso na sociedade brasileira, o centro conservador ressurge, conspira e prepara – lançando mão do golpe institucional do impeachment – o retorno à ordem política e social anterior ao advento do PT no poder.

Será que, mais uma vez, caberá aos conservadores exercer a sua secular tutela sobre os conflitos políticos no Brasil?


Marcelo Barbosa é advogado, doutor em Literatura Comparada pela UERJ e diretor-coordenador do Instituto Casa Grande e autor, entre outros, de A Nação se concebe por ciência e arte – três momentos do ensaio de interpretação do Brasil no século XIX

  Burt Lancaster, o príncipe de Salina na obra-prima de Visconti O Leopardo, baseado no romance de Tomasi di Lampedusa

29 de março de 2016

Unida, a esquerda ainda pode derrotar o golpismo


Por Marcelo Barbosa, Kadu Machado e Daniel Samam

O resultado da reunião do diretório nacional do PMDB sanciona a adesão do centro conservador ao golpe em curso no país. A esquerda está sozinha, mas não está isolada: 2016 não será 1964.

Isso porquê, na vigência da constituição de 1988, o peso dos setores populares experimentou um crescimento sem paralelo: os partidos de esquerda aumentaram suas bancadas, os sindicatos cresceram em influência e os movimentos sociais arregimentaram levas de excluídos, no campo e cidades. No plano da cultura, coletivos formados por jovens arejaram o panorama da produção das artes.

Trata-se uma força política capaz de mobilizar multidões e impossível de ser ignorada. Unida, essa esquerda poderá realizar uma façanha inédita na vida pública brasileira: derrotar o golpismo e sustentar a democracia. Fragmentada, sem entender que não se trata de apoiar o governo de Dilma (passível de muitas críticas), mas sim de dar sustentação à legalidade, a esquerda vira linha auxiliar da direita.

A ruptura institucional, ao contrário da percepção de alguns, não adotará a identidade de uma ditadura. Irá se apresentar sob a máscara de uma de uma democracia de fachada. Sob a aparência de Estado de direito, os direitos e garantias individuais sofrerão cancelamento.

Que ninguém se engane, a vitória da aliança entre Temer, Cunha e Serra – em torno das teses do programa Ponte para o Futuro – significará, necessariamente: o fim da política de valorização do salário mínimo, a intervenção nas entidades sindicais mais combativas, a criminalização dos movimentos sociais, o retorno do financiamento privado de campanhas eleitorais, o ataque aos direitos trabalhistas e o aumento da desnacionalização da economia, entre outras medidas de exceção.

Diante da escalada do arbítrio não existe neutralidade. Apoiar propostas diversionistas como o chamado recall ou ainda a convocação de eleições gerais é simplesmente se omitir – como fazem setores da Rede e do PSOL – ajudando a consolidar o bombardeio de saturação das grandes mídias monopolistas sobre a opinião pública.

É necessário engajar todo o povo nos processos de resistência ao golpe mas, principalmente, a representação das favelas e periferias na defesa do regime que mais convém à luta de classes nos marcos do capitalismo: o da democracia política.

Não vai ter golpe!

Todos à manifestação do dia 31/3!

Marcelo Barbosa é advogado e diretor-coordenador do Instituto Casa Grande (ICG)

Kadu Machado é jornalista, editor do jornal Algo a Dizer

Daniel Samam é músico, educador e coordenador do Núcleo Celso Furtado do PT-RJ

 Dois bandidos golpistas

27 de março de 2016

Observações sobre o Judiciário


Por Marcelo Barbosa

Numa democracia representativa, assentada sobre um sistema de tripartição de poderes, cabe ao judiciário exercer uma função estabilizadora do sistema político. Em importante medida porque seus membros desfrutam de vitaliciedade nos cargos. Isto é, não estão sujeitos à ação das maiorias de ocasião que, por vezes, empolgam o executivo e o legislativo. Nessa modelagem, a que o Brasil aderiu desde antes do advento da Constituição de 1988, os agentes públicos do Judiciário guardam fidelidade ao Estado e não aos governos, tornando a instituição menos permeável à pressão econômica, política e social. Ou pelo menos em teoria, deveria ser assim. Mas, não vem sendo. Com o recrudescimento da luta política – sinalizadora do conflito de classes – as disputas em curso na sociedade, cada vez mais, se veem transferidas para o interior do aparelho de Estado, atingindo, em cheio, o judiciário e os corpos públicos oriundos de outros poderes, mas com os quais se relaciona, entre os quais a Polícia Federal e o MP.

Por óbvio, não parece possível – e nem recomendável – “blindar” os tribunais de tudo aquilo que acontece no mundo à sua volta. Magistrados também têm direito de opinião. Sofrem influência das ideologias de centro, esquerda e direita em estoque na sociedade. É inevitável, inclusive, que acabem expressando essas preferências em suas sentenças e despachos. Só não podem (conforme ocorre, ao momento), ser recrutados pela política partidária, pois isso corrói os alicerces da República.

Infelizmente, por motivos diametralmente distintos, o comportamento perante o judiciário das duas parcelas mais influentes da esquerda e da direita, no país, agrava esses fenômenos de partidarização.

Expressão presumível dos interesses de grande capital, exibindo nítida filiação à ideologia neoliberal, o PSDB trata, em sua matriz doutrinária, o judiciário como mais um episódio na rotina de um Estado dito “inchado” e ”ineficiente”. Um leviatã consumidor de excessivas verbas públicas. Cuja principal esfera de atividade – a prestação da justiça – deveria ser resolvida por mecanismos de intermediação (e conciliação) de demandas, sempre preservada a autonomia de vontade das partes envolvidas em litígios. Nessa chave de compreensão, era melhor que o judiciário ou não existisse – utopia inalcançável até na ótica dos discípulos de Friedman – ou pelo menos, ocupasse um papel bem menor na vida social.

Claro, essa descrição do pensamento tucano em relação ao judiciário – exposta aqui em tom de caricatura – não encontra abrigo na realidade. Para fins práticos, os neoliberais buscam cooptar a justiça*. A indicação dos nomes dos ministros a compor os quadros do STF representa o evento culminante dessas práticas. Mas, não o único. Pois, desde os seus níveis elementares, a magistratura, refletindo a origem de classe de seus agentes – e com as naturais dissidências progressistas ou conservadoras – vai sendo adestrada para viabilizar um impasse: a reprodução de um regime de liberdades políticas sem correspondência no plano da luta pela igualdade social. Isto é, progressistas (na média), em matéria de costumes, direito de minorias, discriminalização das drogas leves, entre outros tópicos, os juízes costumam a ser conservadores na preservação dos direitos de propriedade (no que caminham a contrário sentido da Constituição de 1988, carta comprometida com a noção de caráter social do direito de propriedade.)

Esses mecanismos de formação de um pensamento hegemônico nos quadros do judiciário – marcados, repita-se, pelo uso de ferramentas de cooptação – serviu sem abalos, até a irrupção do esgarçamento social abrigado nos protestos de 2013. Desde então, ao que tudo indica, vai se verificando – e as práticas do juiz Moro o comprovam – um enfraquecimento do compromisso da magistratura com preservação dos direitos e garantias individuais e coletivas. As informações veiculadas nas mídias, tanto nas redes sociais quanto nas cadeias monopolistas de informação, atestam o declínio da observância aos princípios da inocência presumida, do acesso ao habeas corpus, da obediência à competência territorial, vistos na qualidade de estorvos à prestação da justiça e subterfúgios para beneficiar “a impunidade” (sic). Na narrativa da linha dura judiciária, em face do crescimento endêmico da corrupção, só resta apelar à Providência e confiar no envio à Terra de uma personalidade ou de várias personalidades justiceiras encarregadas de “passar a limpo o país” (sic). Um enredo gasto e responsável pela entrada na cena da vida pública brasileira de personagens no figurino de um Collor de Mello ou de um Janio Quadros. E que agora serve de senha para o exibicionismo autoritário de parcelas do Ministério Público.

Por sua vez, a esquerda, principalmente aquela ocupante do poder (ou seja, o Partido dos Trabalhadores e seus aliados), mesmo após a sua condução ao governo Federal, jamais se deu ao trabalho de desmontar os mecanismos de cooptação. Pelo contrário, intentou colocar esse processo a seu serviço. Não agiu assim por oportunismo. Em seu corpo teórico de fundação, o PT, coerente com certa vulgarização do marxismo, concebia o judiciário e o direito dentro do estatuto de superestrutura da ditadura de classe burguesa. Um espaço da dominação estamental dado, de antemão, por perdido, em vista do conservadorismo congênito das instituições jurídicas. Caberia buscar o realismo, portanto. Reduzir os interesses do executivo à tomada de decisões que provocassem impacto direto no governo, sobretudo as de natureza orçamentária, mas sem nunca adotar uma agenda de objetivos de longo prazo para o judiciário.

Mesmo quando resolveram fixar objetivos menos imediatos em relação à administração da justiça, as iniciativas dos governos do PT objetivaram apenas promover as expectativas da população em relação aos tribunais: ou seja, criação de mecanismos de controle externo do judiciário, diminuição da morosidade nos processo ou democratização do acesso à prestação jurisdicional, para mencionar as ações mais rumorosas. O aspecto da formação valores capazes de orientar a prática dos magistrados no rumo do aprofundamento da democracia e da igualdade – temas que servem de coluna vertebral da Constituição de 1988 – permaneceu intocado. O vácuo da necessária politização do judiciário foi ocupado pela propaganda partidária.

A resultante de tais processos? O risco do poder judiciário continuar rumando – à marcha batida – para assumir, no presente e no futuro, o papel desempenhado pelas Forças Armadas no passado: o de veículo de insatisfação permanente das camadas médias, operador da desestabilização da democracia.

* O método da cooptação remete a uma herança das velhas elites territoriais, ainda ativas porém em franca decadência, presentes em boa parte, na estrutura do PMDB.

Marcelo Barbosa é advogado, doutor em Literatura Comparada pela UERJ e diretor-coordenador do Instituto Casa Grande e autor, entre outros, de A Nação se concebe por ciência e arte – três momentos do ensaio de interpretação do Brasil no século XIX

4 de março de 2016

Caiu a máscara, estamos diante de um golpe de Estado!


Caiu a máscara, estamos diante de um golpe de Estado!

Os direitos e a garantias individuais foram cassadas. Quem manda é um juiz provinciano, pau mandado do conluio entre a mídia monopolista e as grandes empresas internacionais.

O que está em perigo agora não são mais Lula, o PT ou ainda o próprio governo eleito em 2014, mas sim a democracia.

Se essa gente – que inclui uma saliente franja fascista – for vitoriosa, nós vamos transitar para um Estado de Exceção travestido de legalidade. Tal qual ocorre na Argentina, ao momento.

Todos os democratas devem resistir: nas ruas, nas redes sociais, nos sindicatos, nos movimentos, nos coletivos culturais, enfim em todos os espaços da vida pública. Vamos barrar o retrocesso!
Marcelo Barbosa

28 de fevereiro de 2016

No ar, a edição de FEVEREIRO do jornal Algo a Dizer


Já está no ar a edição de FEVEREIRO do jornal de Cultura e Política Algo a Dizer, com o seguinte conteúdo:

1- “Ideias fascistas estão vindo à tona”, entrevista com Andre Kehdi, presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim) sobre o “retrocesso punitivista” que, atropelando a Constituição de 1988, é chancelado – e até patrocinado – por setores das instituições da democracia brasileira;

2- Contundente homenagem ao importante intelectual Umberto Eco, por Afonso Guerra-Baião;

3- Com seu humor característico, Jorge Nagao enumera as medidas a que todos devemos estar atentos no combate ao Aedes aegypti;

4- A crítica de Guido Bilharinho ao filme Febre da Selva, de Spike Lee;

5- O que parece uma tendência atual, a relação entre a mediocridade e o poder, por Adilson Luiz Gonçalves;

6- Maria Balé, em seu “Cotidiano”, resenha Sem passagem para Barcelona, segundo livro do poeta Alberto Bresciani;

7- A bela crônica Com Mondrian na madrugada, de Alexandre Brandão;

8- Cinthya Nunes condena a hipocrisia em sua crônica Fazendo o bem;

9- Impressões da Índia I, primeira crônica de Marilena Montanari relatando as experiências de sua viagem àquele país;

10- Em sua crônica bem-humorada E se Judas não fosse tão Judas, Sergio Antunes, traz um questionamento interessante sobre o determinismo na tradição cristã;

11- A força da poesia de Antonio Barreto em nó d’água;

12- Estações, poesia lírica de Valéria Lopes;

13- A alegoria do soneto O caranguejo, de Luca Barbabianca;

14- O aterrador conto Inauguração, de Vivian Pizzinga;

15- Sementes de dragões, de Leandro Konder fala da importância da dialética para a práxis científica e revolucionária.

Boa leitura e um abraço

Kadu Machado

(21) 99212-3103

2 de fevereiro de 2016

Nesta quinta tem encontro etílico-político-cultural!


Nesta quinta (4/2), a partir das 18h30, encontro etílico-político-cultural dos amigos, colaboradores e leitores do jornal Algo a Dizer.

Esquenta de carnaval!

Toda primeira quinta do mês esse evento acontece, sempre no mesmo local: o bar Arco Íris, da Mem de Sá (Av. Mem de Sá, 72, quase esquina da Rua do Lavradio – Lapa – Rio).

Venha e traga os amigos: você só paga o que consumir.

Veja o evento no Facebook.

Beijos, abraços e até lá

Kadu Machado
(21) 99212-3103

30 de janeiro de 2016

No ar, a edição de JANEIRO do jornal Algo a Dizer


Já está no ar a edição de JANEIRO do jornal de Cultura e Política Algo a Dizer, com o seguinte conteúdo:

1- Não há déficti! Em entrevista, a professora do Instituto de Economia da UFRJ, Denise Gentil, descontrói, com argumentos insofismáveis, os mitos oficiais que encobrem a realidade da Previdência Social no Brasil;

2- A ASA, Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação, se pronuncia em nota sobre a polêmica indicação do embaixador israelense no Brasil, Dany Dayan, residente em território ocupado, que tem produzido uma reação desvinculada da realidade por parte de alguns setores da comunidade judaica;

3- Em homenagem aos 50 anos de carreira de Paulinho da Viola, publicamos entrevista que a jornalista Inês D’Estrada fez com Tia Vicentina, pastora da Portela, em 1975. Causos de samba e até receita de feijoada estão nesse bate-papo inspirador em tempos de folia;

4-  Em Garotos de programaGuido Bilharinho apresenta nova abordagem sobre o filme de Gus Van Saint, cineasta independente diversas vezes premiado no festival de Cannes;

5- Na crônica Brevê poéticoAdilson Luiz Gonçalves aponta para a importância de nunca perdermos a capacidade de sonhar!;

6- Em A máquina do tempo, Afonso Guerra-Baião aborda a questão da linguagem e da temporalidade;

7- Na crônica, Falando do zeroAlexandre Brandão discorre sobre o ofício da escrita;

8- Em Incompreensível, Cinthya Nunes fala da incapacidade de agir frente à desumanidade crescente;


10- Leonel Prata, em sua crônica, conta uma rocambolesca história de panetone;


12-  Na crônica de Sergio Antunes, Aula de futebol, aprendemos tudo sobre a surpreendente potência do cuspe;

13- Amores da infância é tema da crônica, Coisas de criança, de Valéria Lopes;

14- Calado mesticuloso sangue, denso poema de Zeh Gustavo, denuncia a barbárie da escravidão e da exclusão;

15- Uma ode à inspiração e ao amor, no soneto Falsa Promessa, de Luca Barbabianca;

16- Em conto pernambucano, Vivian Pizzinga fala de encontros;

17- Ensaio de Giorgio Agamben, filósofo italiano, fala do capitalismo como religião na visão de Walter Benjamin.

Boa leitura e um abraço

Kadu Machado
(21) 99212-3103

22 de dezembro de 2015

Feliz Natal! A edição de DEZEMBRO do Algo a Dizer

Primeiro, desejamos a todos os leitores, colaboradores e amigos um feliz Natal e um 2016 repleto de saúde, paz e realizações!

Está no ar a edição de DEZEMBRO do jornal de Cultura e Política Algo a Dizer, com o seguinte conteúdo:

1- Entrevista com Giuseppe Caramazza, missionário comboniano e jornalista, avalia a recente visita do Papa Francisco à África;

2- Artigo dos economistas Christian Boura e Flávia Vinhaes explica a dívida da Petrobras;

3- Contundente artigo de Ligia Bahia critica a situação da saúde pública brasileira;

4- Desabafo de Marcelo Barbosa, prega a união em defesa das regras do jogo democrático em nosso país;

5- Guido Bilharinho resenha Drugstore cowboy, interessante filme de Gus Van Sant;

6- Os perigos a que está exposta a juventude é tema do artigo de Adilson Luiz Gonçalves;

7- O “Cotidiano” sempre intenso de Maria Balé em Prosa de fim de ano;


9- Lição de Surrealismo, crônica não-surrealista de Alexandre Brandão;

10- As preocupação com o sofrimento do próximo, na crônica Por quem os sinos dobram, de Cinthya Nunes;

11- A fina ironia da crônica Cartão de Natal, de Leonel Prata;

12- A bela crônica de Sergio Antunes sobre uma das eternas buscas da humanidade;

13- Mais uma história hilária de Crô e Dona Lurdinha, na crônica de Valéria Lopes A exposição;

14- As transformações que a especulação tem praticado na cidade do Rio de Janeiro, na crônica crítica de Zeh Gustavo;

15- O habilidoso jogo de nomes de grandes escritores, na poesia de Jorge Nagao;

16- O soneto Crime, de Luca Barbabianca, ácido julgamento da estrutura hegemônica dos tempos de hoje;

17- O conto minimalista chave, de Vivian Pizzinga;

18- Luiz Carlos Bresser-Pereira, no ensaio Reindustrialização como projeto nacional, aponta elementos do norte estratégico que nosso governo, seus partidos e nosso povo tanto necessitam.

Boa leitura e um abraço

Kadu Machado

(21) 99212-3103


9 de dezembro de 2015

Chega!


Por Marcelo Barbosa

Acompanho – e participo – da vida pública do meu país há mais de 30 anos. Jamais tinha visto cenas de degradação tão lamentáveis quanto as de ontem (8/12).

O escrutínio da denominada “chapa avulsa” para a comissão de impeachment foi algo de provocar vergonha. E, também nojo.

Eduardo Cunha passou de todos os limites.

É hora de a sociedade dizer um basta; de perder o medo. Afinal onde reside a força desse peculatário? Nos duzentos picaretas que ele controla na Câmara Baixa (todos eleitos no regime do financiamento empresarial de campanha em boa hora extinto).

Essa maioria – de ocasião – não pode pôr de joelhos toda uma nação.

Para além das diferenças político-ideológicas existentes entre os brasileiros, deve prevalecer o respeito às regras do jogo democrático.

O que há de vivo nas instituições precisa reagir, imediatamente. Antes que seja tarde. A ação conjugada do STF, do Poder Executivo, do Senador Federal, da PGR, entre outras instâncias, mas principalmente da opinião pública, tem condições de pôr fim ao reinado desse crápula.

Falta apenas decisão.

Marcelo Barbosa é advogado, diretor-coordenador do Instituto Casa Grande e autor, entre outros, de A Nação se concebe por ciência e arte – três momentos do ensaio de interpretação do Brasil no século XIX


5 de dezembro de 2015

No ar, a edição de NOVEMBRO do jornal Algo a Dizer


Já está no ar a edição de NOVEMBRO do jornal de Cultura e Política Algo a Dizer.

Nos seus primeiros textos é abordado o tema da ecologia, falando da COP 21 (21ª Conferência das Partes, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima-UNFCCC) e da imensa tragédia de Mariana. Confiram:

1- Entrevista com Noemi Klein na qual a ativista e intelectual canadense desenvolve a ideia de que, a continuar o atual ritmo da acumulação capitalista, a humanidade corre sério risco;

2- Artigo dos pesquisadores Marcelo Firpo, da Fiocruz, e Bruno Milanez, da UFJF, mostra como o modelo de mineração brasileiro engendra tragédias como a de Mariana;

3- Afonso Guerra-Baião comenta a tragédia de Mariana à luz da poesia de Cláudio Manuel da Costa;

4- Antonio Barreto se revolta com a tragédia em seu violento poema Cantiga para dormitar Mariana (e embalar o ex-rio Doce);

5- Curto comentário de Marcelo Barbosa à complexa conjuntura brasileira;

6- O humor de Adilson Luiz Gonçalves sobre o primeiro encontro dos índios brasileiros com os portugueses de Pedro Álvares Cabral;

7- Boa nova, crônica de Alexandre Brandão sobre a importância das lembranças literárias;

8- Em sua crônica As cores da consciência, Cinthya Nunes discute a questão do preconceito;

9- O fino e demolidor humor da crônica Os malas, de Leonel Prata;

10- A ironia na crônica Morada, de Marilena Montanari;

11- A vida em provérbios, na crônica Quem conta um conto, aumenta um ponto, de Sérgio Antunes;

12- O poema de Adriane Garcia, Enredada, retirado do seu mais recente livro “Só, com peixes” (editora Confraria do Vento);

13- Mais um exemplar da poética de Valéria Lopes, Além de mim;

14- O belo soneto Protagonismos, de Luca Barbabianca;

15- O ensaio Marx, Gramsci e o poder: dois marxismos?, de Juliano Medeiros.

Um abraço e boa leitura

Kadu Machado

(21) 99212-3103

28 de novembro de 2015

A nova cara do golpe


Por Marcelo Barbosa

Em 2015, o Brasil tem servido de campo de experiência para técnicas de desestabilização de governos. Esse ano, ao que tudo indica, já são três os procedimentos utilizados.

No início do ano, a "tecnologia" foi a da clássica "orquestração" – expediente posto em prática nas chamadas "Revoluções de Veludo", no Leste Europeu e, em nosso subcontinente, na Venezuela: protestos de rua, locaute de caminhoneiros e bombardeio de saturação por parte da mídia, entre outros recursos.

Não deu certo, apesar do volume das manifestações de março.

Em seguida, foi a vez de lançar mão da tática do "Golpe Paraguaio". Assim, a contestação ao governo legitimamente eleito migrou para instâncias como o TCU e TSE. Também não funcionou. Afinal, a magistratura brasileira, ao contrário das percepções de áreas da esquerda e da direita brasileira, não constitui um poder reacionário, em si. Os juízes, em sua maioria, têm posições democráticas. Estão, na verdade, assustados diante do barulho produzido pelo golpismo, se abstendo – o que é grave – da sua tarefa de garantir o exercício dos direitos e garantias individuais e coletivos.

O terceiro experimento, ao que parece, se encontra em impulso. É a versão tupiniquim da operação "Mãos Limpas".

Trata-se de uma espiral de demolição de todo o sistema político brasileiro. Não deve ficar nada de pé. Tudo está sob suspeição: "as empresas públicas nas quais grassa a corrupção" (sic), "todos os partidos" (sic), o "Poder Executivo", e agora, a "novidade" da revelação das ligações perigosas entre o Senador Delcídio e pelo menos quatro ministros do STF, o que compromete o Judiciário.

Enfim, ganha foros de realidade uma narrativa na qual todo o conjunto da vida institucional brasileira está "apodrecida".

Quem ganha com isso?

É sempre muito difícil dizer. Podemos indagar ao passado, guardadas as diferenças. Na Itália, o processo gerou um novo bloco de poder formado pela mídia monopolista, substituindo os partidos (com o Berlusconi a frente), em aliança com a tecnocracia ligada ao capital financeiro, com o aval da OTAN.
Marcelo Barbosa é advogado, doutor em Literatura Comparada pela UERJ e diretor-coordenador do Instituto Casa Grande e autor, entre outros, de A Nação se concebe por ciência e arte – três momentos doensaio de interpretação do Brasil no século XIX